38°

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Ana Luz

O sol já estava se pondo, eu sentia as primeiras lágrimas do meu rosto secas e meus olhos já estavam criando mais, odiava ser chorona, meu rosto provavelmente está inchado e completamente vermelho pois eu o sentia quente demais.

A dor de cabeça já se fazia presente, assim como no meu pulso e nas costas pela posição que me encontrava, não conseguia relaxar um minuto sequer e infelizmente eu só queria que ele estivesse aqui comigo agora, eu só queria alguém aqui, qualquer um.

Me ajeitei sentada na cama e encostei minhas costas na cabeceira meio de lado por causa da algema, já não aguentava mais deixar meu braço "dobrado", resolvi fechar os olhos e tentar acalmar minha respiração que estava descompassada e meu coração que estava acelerado, o quarto já estava escurecendo demais e eu estava enlouquecendo internamente ao mesmo tempo que sentia uma raiva enorme de mim, por que eu tenho isso? Por que tenho medo de coisas tão simples? Medo que nem criancinhas tem mais.

Assim que abri os olhos vi que já estava muito escuro, encolhi os pés para me sentir mais segura em posição fetal, olhava para todos os cantos e o auto controle que eu estava a procura se esvaiu completamente de mim, eu sentia que poderia até desmaiar.

Foi quando ouvi o barulho da tranca, fazendo com que eu me sentisse ansiosa e estranhamente feliz, aliviada.

Ele abriu a porta e acendeu a luz, eu soltei o ar dos meus pulmões em forma de alívio, e só tentei me levantar, torcendo para que ele não demorasse pra chegar perto o suficiente de mim.

Ele me olhava estranho, parecia confuso, provavelmente eu parecia uma louca e deveria estar mais acabada que o normal, eu não ligava pra isso, só queria que ele me soltasse agora.

Ele então começou a se aproximar rapidamente na minha direção procurando algo nos bolsos, acho que era a chave das algemas e me animei instantaneamente com isso.

Arthur Ferrari

Era costume meu fazer com que as pessoas me obedecessem, sempre de forma quase que literal para garantir que entendam meu recado e eu normalmente não sentia nada fazendo isso, sempre foi natural pra mim mas por alguma razão agora estava sendo diferente.

Eu descobri que teria uns assuntos pra resolver, mesmo no domingo meu pai  não estava me dando descanso, então eu decidi que iria dar uma lição nela enquanto saia pra resolver os problemas, até porque não queria ela rondando pela casa sozinha vestida do jeito que está com o monte de funcionários meus de olho.

E assim fiz, o lance da algema me excitava demais, ela com a feição irritada me excitava mais ainda.

Já estava anoitecendo quando decidi voltar pra casa, depois de resolver uma parte dos problemas, eu ainda tinha muita coisa pra resolver e pareciam surgir mais a cada momento me fazendo ficar irritado com meu pai mas decidi não ligar pra nada, eu não queria demorar, ela tinha ficado muito desesperada e eu não queria torturar ela demais, então larguei tudo pela metade e decidir ir embora, meu pai iria ter que esperar.

Segui meu caminho pra casa antes parando pra comprar umas pizzas, fazia tempo que eu não comia, meu lado italiano já estava incomodado com esse fato, além disso imaginei que ela pudesse gostar também, afinal quem não curte pizza?

Assim de cheguei larguei as coisas na sala mesmo e fui pro quarto, a casa estava silenciosa e assim que entrei no quarto e a vi, senti uma coisa estranha. Ela estava completamente assustada e presa daquele jeito já não parecia tão bom assim, ela me olhou e parecia muito aliviada por me ver, isso fez com que eu me sentisse bem de certa forma, ela nunca tinha me olhado assim.

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora