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                      Arthur Ferrari

                                       Quarta-feira, 15:23

Essa filha ta puta tá brincando com a minha cara, não é possível— disse tacando o meu celular no sofá do meu lado, caminhei até a minha mesa e sentei na minha cadeira, João só me observava sentado a minha frente — tá me enrolando bonito, tá esquecendo como eu sou, acho que vou ser obrigado a lembrar ela.

— Cara, primeiro relaxa aí— revirei os olhos, quando eu tô estressado e alguém me pede pra relaxar, me estressa mais— Me explica isso direito, qual é a história com essa mina aí, você não explicou nada, só tá reclamado da Marisa aí.

— Eu vou pagar pela garota pô, deixei bem claro que queria que fosse o quanto antes, que era pra dar o papo pra menina no Domingo mesmo, e agora a doida tá se fazendo pra cima de mim, não atende o celular há uns dois dias, tá com sorte que eu tô cheio de trabalho aqui, se não eu já tinha ido lá.

— Eu só não entendi por que tu não foi atrás da menina logo, tu não disse que ela não era garota de programa? é só dar em cima dela, normal, vai que rola, você disse que rolou olhares já.

— E vi no olhar dela que não seria tão fácil, sei lá, ela é diferente e tu sabe que eu prefiro pagar lá, eu não namoro e não gosto de dividir nem uma bala, quanto mais mulher, porém eu enjoo rápido— abri meu notebook, tinha uns relatório pra mandar pro meu pai e um outro pra analisar— o dinheiro impõe certos limites e vantagens, tudo vai ser do jeito que sempre é, eu mando e elas obedecem, sem contar que por umas noites só eu vou ter tocado naquele corpinho.

— Então o papo de virgindade é real?! eu achei que era zueira tua, tu nunca gostou de mulher inexperiente, que eu saiba— ele abriu sua pasta e em seguida tirou umas folhas dela e me entregou, era um contrato importante— tá aí, já tá pronto pra assinar.

— É verdade, normalmente eu não curto isso, mas na real quando eu soube esse papo de que ela não tem experiência eu fiquei mais feliz e com mais vontade, esse negocio dela ser virgem me dá mais tesão ainda.— disse já assinando o contrato, eu nem lia na maioria das vezes, isso se viesse da mão do João, ele que avaliava a maioria dos contratos pra mim, os mais importantes, ele sabe o que eu assinaria e o que não assinaria, e sempre me questiona quando tem duvidas, confio nele pra caralho, é o meu melhor amigo e a gente tá junto desde que eu me entendo por gente, sem contar que se ele trair a minha confiança, vai ser só uma vez na vida.

— Ihh cara, tu não vive falando merda pra mim? tu tá doido por essa garota, nunca te vi assim, pilhado por uma mulher, tá apaixonado é?— disse com ar de deboche, esse merda não me conhece?

— Para de falar merda, eu só não gosto que enrolem pra fazer o que eu mando, eu só quero comer ela, só isso.— ele apenas balançou a cabeça em negação— Vou tentar contato com a Marisa só mais uma vez, se ela não me atender, vai se arrepender.

— O que tu vai fazer Arthur?— lhe mandei um sorriso.

— Relaxa, não vai ser nada demais é só pra deixar bem claro que eu não sou de brincadeiras— levantei indo em direção ao meu celular no sofá, o peguei desbloqueado e ligando mais uma vez pra Marisa, que novamente não atendeu— puta.

— Ei respeita a tua madrasta.

— Meu pai já largou essa porra de vez, ainda bem— comecei a discar o número de um velho amigo.

— Sei não hein, não se ilude que teu pai é doido por ela, já já desencanta dessa nova namoradinha e vai voltar a correr atrás da Marisa— o foda é que ele tá certo.

— Alô? Marcos, meu amigo— disse assim que ele atendeu— preciso de um favorzinho seu.

— O que houve cara? do que precisa?— disse do outro lado da linha.

— Preciso dos seus homens! sabe a luxus?— ouvi apenas um "uhum"— quero que entrem lá, de deem uma boa bagunçada, quero coisas quebradas, portas arrombada, mas nada que não possa ser concertado em menos de uma semana saca?— João me olhava com uma cara nada boa, balançava a cabeça em negação sempre.

— Cara, não tem como. Você sabe, lá é um território perigoso, tem o teu pai pô, é o dono, e tem os caras que fazem a  "limpeza" — se referiu a lavagem de dinheiro, eu tava ligado mas sinceramente, estou nem aí.

— Cê que sabe, só que se não fizer, infelizmente não vai mais me ter como amigo, e comigo não tem meio termo, relaxa que se tu não fizer, outro amigo faz.

— Arthur, isso vai me complicar cara, você sabe que eu quero tudo menos perder a tua parceria.

— Então só faz o que eu mando cara— ele ficou em silêncio, encarei como um ok— entra lá de dia mesmo quando não tem ninguém de fora, e pode deixar que com meu pai eu me entendo e com quem mais quiser tirar onda, isso se alguém descobrir né, porque eu acho muito difícil.— Marisa iria sacar assim que visse, não tem perigo nenhum, ela iria ficar com medo de perder a Boate e iria parar de tentar me desobedecer, simples.

— Tá bom. É pra ser hoje?

— Sim.— disse e logo encerrei a ligação.

— Tu é doido, só faz merda hein, custa pensar antes de sair fazendo besteiras.— João e sua lição de moral de todo dia

— Aí João, não me irrita não, tu sabe como eu sou, odeio ser feito de otário.

(...)

                                                   
                                               20:36

Estacionei meu carro na frente da Luxus e de cara já vi a porta principal quase caindo, sorri e caminhei até o local já entrando, tinham dois seguranças lá que estavam carregando algumas tralhas e nem se quer me perguntaram algo, sabiam quem eu era e não seriam loucos de impedir a minha entrada.

Avistei Marisa de costas pra mim, ela estava com uma das mãos na cintura e com a outra segurava o celular na orelha, falava algo sobre mandar arrumar a porta. Enquanto caminhava até mais perto dela, observei melhor o lugar, estava todo revirado mas como eu havia pedido, nada de muito grave na estrutura, cheguei pertinho dela até que ela sentisse a minha presença, sua feição era de pura chateação.

— Você é muito escroto moleque.— falou assim que me viu saindo da ligação automaticamente.

— Eu te avisei— balancei a cabeça em negação— e tu tá dando uma de louca pra cima de mim, não atende as minhas ligações, já era pra estar tudo certinho com a garota, como eu mandei.

— Você é louco? Eu só não te atendi porque ainda não tinha conseguido falar com a menina, ela tá passando por uns problemas sérios.— ela tava se segurando muito pra não gritar comigo, muito bom.

— Não te perguntei nada disso! Só vim aqui pra deixar mais claro ainda, que eu não sou de brincadeira, não vou avisar de novo.

— Você tem sérios problemas, tem noção do que fez? eu tô em um péssimo momento financeiro e você manda destruírem o meu trabalho e eu ainda tenho que me virar sozinha pra concertar porque se não vou me fuder mais ainda.— acabou exaltando a voz me fazendo encara-lá mais ainda— Pra sua informação eu já falei com a Ana, informei as coisas por alto e até marquei de ir até a sua casa hoje mas eu chego aqui e me deparo com isso, já até perdi o horário.— balançou e pôs as mãos na testa, massageando as têmporas.

— Pois é bom que você vá lá agora, se liga que se tu faz o que eu mando tu resolve os teus problemas em segundos.— disse por fim e já comecei a caminhar em direção a saída.

— Espera— parei de andar e me virei pra ela— quanto você vai dar pra ela? Tenho que dizer hoje.

— Sei lá, quanto você acha que ela precisa?

— Não sei, porém mais de 50 com toda certeza.

— Sei lá, vou te dar uns 50 então.— virei de costas voltando a caminhar e sorri debochado, seria bom ter ela na minha mão, mesmo depois de ter o que eu quero.

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora