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                       Ana Luz

                              Domingo, 23:05

—Vamos?!— Disse Marisa apontando para a porta do seu escritório, para me guiar para onde eu deveria ir, assenti a seguindo.

Cheguei aqui tem poucos minutos, subi com a ajuda de um segurança, o único aparentemente simpático, seu nome é Macerlo, eu estava meio perdida na entrada e ele me achou e me trouxe até Marisa, que começou a me explicar melhor como seria algumas das minhas noites até devolver o dinheiro, ou não. E pelo que eu entendi, eu basicamente tenho que ficar como uma modelo em uma passarela, a noite toda, como se estivesse expondo uma peça importante, que no caso é eu mesma, tenho que ser gentil com as pessoas que se dirigirem a mim, nada de bebida ou falar mais do que devo, nada difícil pra mim, não é como se a situação inteira não fosse constrangedora, eu me sinto muito envergonhada e como um objeto a venda, mas estou tentando não pensar muito nessa parte e sim que amanhã mesmo que já iria resolver um dos meus maiores problemas, que era a casa.

— Eu preciso lhe contar uma coisa
— nós paramos em frente ao elevador, iriamos descer um andar.

— Pode falar. Aconteceu alguma coisa?— pediu o elevador e me olhou.

— Não, não aconteceu nada. É que tem algo sobre mim que eu ainda não contei pra você, e eu sinceramente não sei se isso vai me ajudar ou atrapalhar nisso.

— Como assim menina? O que foi?— o elevador chegou e entramos.

— Eu ainda sou virgem.— Marisa acabou tossindo, acho que se assustou, comecei a me preocupar mais.

— Oi? você tá brincando né— neguei—é sério mesmo?— assenti— por que não me disse isso antes garota?— eu só me mantive calma, pois seu tom não me passava que essa era uma noticia ruim.

— Não pensei muito sobre isso na hora, mas isso não vai atrapalhar nada, não é?— o elevador chegou na parte que era a boate mas reservada e ela me encarou antes de sairmos.

— Atrapalhar? Está brincando? Isso é maravilhoso— pegou em uma de minhas mãos para me guiar, saímos e percebi que nesse ambiente o som não era muito alto, quanto no primeiro andar.— Isso ajuda muito, tem caras que pagam fortunas por uma virgindade, ainda mais de uma menina de maior, isso vai te ajudar e muito, não se preocupa, é uma pena a gente não ter mais tempo pra uma boa divulgação, porque você é linda, deve valer muito mais do que vamos conseguir em tão pouco tempo.

Marisa disse tudo isso me analisando e depois tocando no meu cabelo, mesmo que a situação fosse preocupante e que me amedrontava, eu tinha ficado muito leve por ser virgem não ser um problema pra ela, visto que eu tinha certeza que não conseguiria pagar o dinheiro emprestado de outra forma

— Fico aliviada por isso— eu sentia meu rosto ficando vermelho pela vergonha.

— Tem ideia que se tudo der certo, você não vai precisar fazer programa?— a olhei confusa porém em expectativa— Só vendendo ela, você consegue uma boa quantia e consegue pagar o que deve e talvez até mais.— meus olhos brilharam, ficar com uma pessoa por dinheiro, ao invés de vários, tinha muita diferença pra mim- você é muito sortuda.

Me puxou para andar, em direção a uma moça e eu só pensava no que ela havia dito, sortuda? eu? aquilo tudo era tão difícil pra mim, eu sou totalmente a favor da profissão sabe? "profissional do sexo", pra quem quer e faz somente por esse motivo, mas precisar fazer? era muito triste, ainda mais quando você não consegue se ver nessa realidade e não quer isso pra você.

— Essa é a garota?— Marisa assentiu— Ela é bonita, prazer Rebecca.— me cumprimentou, eu sorri a cumprimentando de volta.

— Muito obrigado, me chamo Ana Luz, muito prazer, você que é linda.— ela balançou algumas mechas do cabelo Loiro, sem um sinal de "se achar" e disse um "eu sei", eu sorri novamente, ela era muito simpática.

Aqueles olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora