Otto narrando
Após passar a tarde toda calado, saio do laboratório pra jantar com Luísa e Poliana.
Luisa: Foi legal lá na casa da Kessia poli?
Poli: Foi sim tia. A gente tá preparando uma omenagem pro dias dos pais.
Luisa: A é? Me conta mais sobre isso...
Poli: A diretora quer fazer um teatro no dia, pra todas as famílias assistirem.
Luisa: Isso é incrível, eu e seu pai vamos com certeza, não é amor? Coloco minha mão por cima da dele.
Otto: Vamos sim! Respondo um pouco desanimado.
Poli: Se você não quiser ir, não tem problema. Falo séria, depois de levantar e ir pro meu quarto.
Otto: Filha...
Luisa: Otto, precisava falar com ela desse jeito?
Otto: Eu só não estou em um dia bom Luisa, não fiz por mal.
Luisa: Independente disso, ela não sabe o que se passa na sua cabeça Otto, vai lá falar com ela.
Otto: E o que você quer que eu fale?
Luisa: O que vier do seu coração. Coloco a mão no peito dele.
Otto: Não sei como fazer isso Luisa.
Luisa: sabe sim, vem comigo, eu fico lá com você.
Otto narrando
Sabendo que ela não vai desistir, vamos até o quarto da Poliana, chegando lá, a encontro chorando e isso me parte o coração.
Luisa: A gente pode sentar do seu lado meu amor?
Poli: Pode sim tia.
Otto narrando
A gente senta ao lado dela, que fica entre nós na cama.
Otto: Filha, me desculpa pelo jeito que falei, tive um dia complicado hoje, não foi minha intenção te magoar, muito menos te fazer chorar assim, passo a mão no rosto dela que tenta disfarçar as lágrimas.
Poli: Tá tudo bem, só não entendo porque sempre muda de humor do nada, as vezes está alegre e até conversa comigo, outras vezes mal olha pra mim, fico pensando se não fosse melhor ter ficado no orfanato mesmo. Baixo olhar um tanto triste.
Otto: Olha pra mim. Nunca mais fale uma coisa dessas, saber que sou seu pai foi a melhor coisa que me aconteceu. Ela continua me encarando fixamente.
Otto: Eu sei que pra você tudo isso é difícil, e que meu jeito de ser não esteja como talvez você esperava, mas eu te amo muito e vou com maior prazer na sua apresentação pro dia dos pais.
Otto narrando
É a primeira vez desde que ela chegou aqui, que falo que a amo, meus olhos enchem de água e ela me abraça forte, retribuo o abraço enquanto vejo Luísa em lágrimas pela emoção do momento.
Poli: Obrigada por isso, você é muito importante pra mim. Falo ao me afastar do abraço.
Otto: Fico feliz em saber disso, você também é muito importante pra mim.
Luisa: Que bom ver vocês assim. Enxugo as lágrimas do rosto
Luisa narrando
Poliana me abraça, depois damos boa noite pra ela e vamos pro nosso quarto.
Luisa: Eu tô muito feliz que você tenha falado com ela e o modo como falou. Coloco minha mão sobre o ombro dele que se vira pra mim.
Otto: As vezes eu não sei como lidar com os meus sentimentos... Mas você me ajuda muito.
Luisa: E quero te ajudar sempre, se você deixar. Passo a mão no rosto dele, fazendo um carinho.
Otto: Luisa.... Pego a mão dela que está no meu rosto. Não espere muito de mim.
Luisa: Porque diz isso?
Otto: Porque eu sou assim, desse jeito que você conhece, esse jeito que você não gosta, não seria capaz de te fazer feliz. Me afasto dela, tiro o relógio do braço e coloco em cima do criado.
Luisa: Do que você tem medo ?
Otto: Você não entenderia...
Luisa: Tem haver com a Estela não tem? Se sente culpado pela morte dela, Otto essas coisas acontecem, morte súbita em bebês dormindo, vocês estavam dormindo, como poderia evitar?
Otto narrando
Nesse momento uma lágrima escorre pelo meu rosto, ainda de costas pra ela, evito encarala-la.
Otto: Não quero falar sobre isso Luisa. Vou tomar banho.
Luisa: E fugir mais uma vez, tudo bem, tenho menos de 7 anos pra te entender melhor. Falo enquanto ele entra no banheiro.
Otto narrando
No banho tenho outro flashback do meu luto pela Estela.
Flashback anos antes
Otto narrando
Em são Paulo, o velório da Estela é feito na minha casa, estou no quarto quando Alice vem me chamar.
Alice: Otto, já estão todos aqui, vamos lá pra sala.
Otto: Alice, eu já disse que não quero ver ninguém, já fiz muito em mentir sobre a morte da nossa filha, agora me deixa em paz, por favor. Falo seco.
Alice: Nem no enterro você vai?
Otto: Não! Agora sai e me deixa sozinho.
Otto narrando
Ela volta pra sala e eu continuo aqui morto por dentro, minutos depois, abro a porta, passo pelo corredor e me aproximo da sala sem ser visto, ouço quando todos rezam e cantam hinos, uma fúria me consome por completo e eu quero gritar, vou pro laboratório e quebro tudo que consigo a fim de aliviar a dor que estou sentindo.
Momento atual.
Otto narrando
Saio de minhas lembranças quando ouço Luisa bater na porta.
Luisa: Otto, você tá bem?
Otto: Sim, já estou saindo. Pego a toalha, me enrolo e abro a porta.
Luisa: você tava chorando? Pergunto ao notar seus olhos vermelhos
Otto: Não, é impressão sua. Pode Tomar banho, vou vestir a roupa.
Luisa: Tudo bem.
Otto narrando
Deitado na cama, ainda preso nesse dia cheio de lembranças dolorosas, tento dormir, mas não consigo, logo, vejo quando Luisa sai do banheiro com uma camisola um tanto pequena demais pro corpo dela, porém visivelmente comportada, mas em vista das roupas anteriores essa era a primeira vez que está usando algo mais íntimo.
Luisa narrando
Me aproximo da cama e me deito ao seu lado, noto seu olhar curioso e um tanto confuso.
Luisa: O que você quer dizer?
Otto: Na verdade eu quero perguntar!
Luisa: Então pergunte.
Otto: Porque está usando algo tão íntimo, quando até poucos dias nem queria dormir na mesma cama?
Luisa: E isso te incomoda?
Otto: Claro que não. Só achei curioso.
Luisa: Me sinto mais confortável assim.
Otto: Entendi.
Luisa: Boa noite! Viro pro lado e apago o abajur.
Otto: Boa noite! Acabo sorrindo sem que ela perceba.
Luisa narrando
Sabendo que ele não está no seu melhor dia para uma noite de amor, apenas quis mostrar que estou disposta a ficar do seu lado pro que der e vier.
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Casamento por Contrato
FanfictionOtto descobre que tem uma filha com a Ex mulher depois de 11 anos. Poliana perde seus pais muito cedo e descobre que seu pai biológico é outro que ela nem conhece. Luisa, tia da Poliana, se casa com Otto pra que ele possa ter a guarda da menina. S...