seis

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O jogo começou.
Já estava no camarote do estádio, sem problemas pra chegar e nem pra entrar. Acesso ao bar e desconto nas camisetas. Muitas famílias e muitos torcedores comuns. Percebi que em vários momentos houveram celulares apontados pra mim. O que me fez pegar o boné que havia trago na bolsa pra completar com o óculos e parecer menos chamativa.

Mas eu sabia que fotos minhas com manchetes sensacionalistas sairiam na mídia no dia seguinte, ou mais tarde se os jornalistas forem tão rápidos quanto aquele nerd. Mas o jogo estava sendo bem legal, o ambiente foi perfeito pra analisar como os londrinos frequentavam estádios. Com blusas de segunda pele, casacos lindos e midsized. As mulheres sempre com touquinhas ou chapéus, os homens de calça moletom e bonés.

Enquanto reparava, não percebi o primeiro gol do Chelsea saindo. O camisa 11, Félix, tinha feito gol de cabeça. O estádio inteiro foi a loucura, a maior torcida era azul naquele dia. Pulei de felicidade junto com uma senhora desacompanhada do meu lado. E depois ficou um clima radiante no estádio.

Mason não tinha começado jogando, estava esperando no banco. Mas o técnico decidiu colocar ele pra jogo quando o segundo tempo começou.

Ele entrou sendo vaiado por uns e aplaudido por outros. Acho que a torcida tava revoltada pela má atuação dele. Toda vez que Kai Havertz está na linha, ele não consegue continuar a jogada. Bom, foi isso que eu li nos jornais. Mas hoje, Kai não estava. Só o Félix, que fez o primeiro gol.

  E Mason estava indo muito bem, mesmo que eu não tenha assistido os outros jogos, fiquei me perguntando o motivo de dar ruim quando o atacante é o Kai. Será que ele sente algo pela ex?

  Pensando bem, não quero ser um ponto de desencontro de ex.

  E foi nesses pensamentos perdidos que percebi uma figura importante perto de mim. A esposa do Thiago Silva. Me reconheceu de longe e tava junto com uma criança. Acenou e virou de volta.

  Nos minutos de jogo seguinte, algum jogador do Chelsea deixou a bola chegar até a pequena área do nosso time. Quase foi um gol mas Mason e Thiago estavam no momento certo e a bola estourou no meio dos dois parando no pé do meu "namorado".

  Ele iniciou a jogada e o time do Chelsea inteiro foi rápido em chegar na grande área do adversário. A bola de novo no pé de Mason. Ele driblou o jogador a sua frente, fez a jogada na direita e deu um chute no ângulo rápido. O goleiro pulou e se estendeu o máximo. O time adversário inteiro olhou o movimento da bola e provavelmente torceu pra que o goleiro pegasse. A torcida se inclinou pra frente esperando pra ver se o grito seria de decepção ou de emoção. E então, Mason abriu um sorriso. O goleiro não chegou a tempo. A rede balançou e a explosão no estádio com certeza fez tudo o que estava em volta tremer um pouco.

  Ele tinha feito um gol. Correndo até a torcida e as câmeras, fazendo um coração e apontando pro camarote. Eu sabia que era "para mim". Mas talvez os que não acompanham tanto as fofocas não saberiam. E uso as aspas porque, vocês sabem, não era exatamente pra mim porque ele quer. Era uma ótima jogada de marketing pra rebater o que os jornalistas tinham falado. Mas eu tava morrendo de vergonha de qualquer jeito.

— Obrigada por existir na vida desse menino!!! O amor salva tudo. O amor vai salvar o Chelsea e o futebol do Mount. - um torcedor disse me abraçando com muita euforia. Gritando o nome do Mason por todo o camarote.

A verdade é que foi MUITO engraçado, hilário na verdade, acho que ele estava bêbado. Mas eu fiquei feliz porque nunca tinha sentido essa euforia e gratidão por algo tão simples. Simples pra mim, que não entendia muitas coisas nesse mundo futebolístico.

  Quando o jogo acabou, fui direcionada ao local das famílias. E depois de alguns minutos Mason apareceu no corredor procurando por alguém, que supôs que fosse eu. Então acenei discretamente e ele veio em minha direção.

— Oi campeão! - eu falei rindo.

— Oi pé quente. - ele respondeu e sorriu fraco. - Gostou do jogo?

— Eu adorei. Foi muito legal e seu gol foi o melhor do jogo.

— Acho um pouco duvidoso você falar isso, está querendo me agradar! O gol do Félix foi muito melhor. - ele falou enquanto caminhávamos pro carro.

— Foi nada. Não preciso te agradar, estou falando sério.

— Obrigada então. Mas acho que namorados agradam um ao outro. - ele disse.

— Quando se namora de verdade. No nosso caso a gente combinou de ser 100% verdadeiro. - eu falei.

  Ele ficou quieto e deu uma risadinha. No carro ele perguntou como estava a minha coleção.

— Você acredita que eu já conhecia seu ateliê desde que chegou em Londres? - ele falou. Só não conhecia a dona.

— Sério? Como você sabia?

— Uma amiga gosta muito de moda e um dia me mostrou seu perfil. Quer dizer, o do ateliê. Você quer passar no HealthyMeal? Estou com fome.

— Você tá de dieta? - ele respondeu que sim, o time todo estava. - Ah, então vamos lá.

— Você não é desse tipo de dieta? - ele perguntou.

— Não, eu odeio dieta. Mas tenho uma boa alimentação. Só falta voltar a treinar. - respondi.

O resto do caminho foi ouvindo músicas que eu selecionei. Era um pouco estranho esse completo silêncio entre a gente, mas era normal porque tem pouquíssimos dias que a gente se conhece né. É como se fosse um encontro com uma pessoa qualquer, com uma simples diferença: ele não era alguém qualquer e todos achavam que namorávamos.

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