vinte e oito

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— Giovanna, gio. - ouvia a voz de Mason me chamar. - Você tá bem?

— Oi, acho que sim. - eu respondi.

— Vem, sai do carro. O AirBag pode sufocar.

Ele me deu a mão e segurou meu tronco me trazendo pra fora. Acho que o susto fez meu cérebro desligar um pouco. Mason olhava pro meu rosto e passava a mão por ele.

— O que realmente aconteceu aqui? - um moço que nunca vi na vida diz.

— O sinal estava verde pra mim, provavelmente vermelho pra pessoa do carro. Ele que ultrapassou o sinal e eu, desatento com quem vinha na diagonal, não vi. Derrapei com o carro. - Mason disse.

— Quer saber, vamos evitar problemas. Eu sigo minha vida sem te denunciar e você segue a sua. Posso pagar pelo seu carro, não me importo. - outro moço falou.

— Só me dá seu registro e seu número de telefone, amanhã você aciona o seguro e cobre minha parte. - Mount fala parecendo cansado.

Eles trocaram informações, as pessoas foram indo embora tirando fotos, Mason me conduziu até a entrada do carro. E quando ele entrou, me olhou e colocou a mão na minha, eu chorei.

Mas eu não chorei só por causa do acidente e porque, por algum motivo, não fomos atingidos. Eu chorei por tudo que havia perdido, por todos os minutos que segurei o choro enquanto fazia algo nessa última semana.

Chorei porque ainda sinto a sensação de sonho acabado, de que nada nunca vai dar certo pra mim. É claro que ainda tinha que entender melhor o que estava acontecendo com Mount e o lance da venda. Mas a sensação perpetuava, pois independentemente de quem tenha sido a culpa, as atingidas foram eu e Nay.

Chorei também porque no momento que queria o conforto dos meus pais, também não poderia ter. Dias que queria ter sentido o abraço do arpoador do Rio aqui, todos os cariocas aplaudindo o por do sol e matte misturado com limão. Mas eu estava tão longe.

Chorei tudo o que segurei na França, quando eu via Anaya tão radiante e tão feliz e percebi, mais uma vez, que ela é a única pessoa que me entende com um só olhar. A única que eu não tenho medo de entregar 100% do meu amor.

Por fim, eu chorei por mim e pelos meus sentimentos. Tão misturados. Tão confusos. Tentando ser a melhor empresária e estilista possível mesmo quando todo seu trabalho se foi, mostrando aos de fora que estou lidando bem com isso, mas eu claramente estou despedaçada e não sei falar.

Mason pareceu entender que eu precisava chorar e então ele deu partida com o carro todo amassado na lateral dos bancos traseiros. Fazendo um barulho horrível, mas que era harmônico na minha cabeça. Demorou quase nada pra chegar no meu apê. O porteiro apenas nos cumprimentou, deixou uma encomenda pra mim e não fez muitas perguntas além do "Tudo bem?".

Abri a casa e tirei os meus sapatos e meu casaco. Deitei no sofá e continuei chorando. Mason se sentou ao meu lado e colocou minha cabeça no seu colo. Ele fez carinho em mim como se eu fosse um cachorrinho indefeso, foi um pouco engraçado, mas me acalmou.

— Você pode continuar explicando o lance da sua prima ser a culpada por esse caos. - eu disse quebrando o silêncio após muito tempo.

— É sério que você quer que eu fale sobre isso depois de um acidente e de uma crise de choro? - ele perguntou e eu apenas assenti. - Tudo bem. Vamos lá. Você lembra do lance que falei sobre meu celular não estar no mesmo lugar?
Eu sei, Gi, que deveria ter te chamado antes para explicar tudo mas não tive coragem. Pedi pro meu irmão tentar ver meus e-mails excluídos e acesso aos drives. Porque era improvável que em tão pouco tempo minha prima tenha pegado as fotos e vendido a alguém pelo meu celular e não tenha deixado vestígios.
Deu muito trabalho pra recuperar alguns e-mails, mas conseguimos. O que Mariah fez foi desativar a sua entrada no arquivo para enviar a pasta do drive para ela mesma e assim ter acesso. Ela usou um email temporário pra que o endereço sumisse depois de 2 horas de uso, depois Jaz conseguiu ver pelo histórico do computador da minha prima que era realmente ela.

fake dating | mason mountOnde histórias criam vida. Descubra agora