quarenta e dois

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  Terça-feira completamente louca aqui no ateliê. Estou fechando ele às 22h08.

  A reposição de sexta-feira havia esgotado no sábado, portanto, no domingo, antes de Mason fazer a surpresa de aparecer no meu apê, eu havia ido ao ateliê pois os costureiros trabalhariam um dia a mais e portanto, eu efetuaria o pagamento deles e deixaria o local pronto.

  Eles conseguiram fazer uma quantidade maior de peças até terça de manhã, horário em que abri o site atualizado. Mas em duas horas já tínhamos 100 pedidos e foi uma loucura para embalar todos os pedidos feitos até as 14h para entregar aos correios até as 15h. E ainda percebi que precisaria encomendar mais tecido  amarelo, então peguei duas horas de estrada até o local de retirada desse tecido.

  Adelaide, a chefe, estava em seu estado mais autoritário possível e mantinha o controle para que nada desse errado. Eles cuidavam da mão de maneira redobrada já que estavam trabalhando todos os dias. Então, juntei as peças principais das equipes e dei uma sugestão.

  À princípio eles me acharam louca, as probabilidades de perdermos uma clientela eram grandes mas eu disse que precisávamos priorizar o bem estar da equipe de costura se fôssemos continuar trabalhando com mãos e não máquinas. No final das contas, eles aceitaram. Então agora nossa coleção tinha feito uma pausa.

  Os costureiros estavam "livres", pararíamos de produzir as peças durante as duas semanas iniciais do mês do outubro. Se a procura fosse grande, produziríamos mais duzentas peças. Mas se tivesse caído, devido à época de volta as aulas e inverno, significaria o fim dessa coleção e o sucesso também.

O motivo de termos ficado até tarde foi o fechamento de contas da coleção. Eu estava radiante e Anaya também. O saldo era super positivo, com ótimo lucro para nós duas. Fim do dia com todos os funcionários devidamente pagos e com vários bônus, isso inclui eu e minha melhor amiga, e ainda com a quantia que sobrou no caixa do ateliê podemos começar a pensar numa nova coleção. Agora a de inverno para o Hemisfério Norte.

Quando fechei a porta do carro e olhei para Anaya seus olhos estavam cheios de lágrimas. Eu a abracei e acabei até chorando junto.

— Eu falei que a gente ia conseguir. - eu disse.

— Se não fosse você na minha vida, eu nem estaria aqui em Londres ainda. - ela confessou.

— Isso é mentira, você estaria exatamente onde está porque seu talento nunca dependeu de mim.

— Mas a sua confiança em alguém completamente fora do padrão da moda foi essencial pra me ver aqui. Por isso eu sempre vou dizer o quanto eu te amo.

— Nay, pode ter certeza que eu te amo mais e que eu não faria nada diferente quando se trata de você e eu.

"Finalmente um pouco de descanso", eu pensei. Estava fechando uma publi de protetor solar com a Neutrogena. A quarta feira havia passado como um raio, bem rapidinho. E eu havia apenas descansado.

Mas quinta-feira era quase sexta, e estava um dia lindo lá fora. Então decidi ir ao shopping sozinha. Depois de pegar um Pink Drink no Starbucks, fui numa lojinha de departamento pra ver uns suéters pra compor os outfits de inverno.

Novamente a sensação de aperto me consumiu, eu olhava pra todos os lados a todo momento porque podia jurar que havia alguém atrás de mim. Então, comecei a andar mais rápido e a sair da loja, vaguei por vários andares do shopping e tinha certeza que havia uma pessoa de moletom branco e calça escura me rodeando.

Mexia na minha bolsa desesperadamente a procura de um celular. Algumas pessoas pareciam me reconhecer, falavam um "Oi" rápido e confuso por conta da minha expressão de medo. Coloquei o número de Mason e comecei a ligar, mas não dava a lugar nenhum. Ele não me atendia.

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