dezenove

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  Quarta-feira, 12h30.

  Seria cômico se não fosse trágico. Iríamos demorar mais uma semana pra produção das roupas porque meu drive decidiu não acessar de forma nenhuma no meu computador, talvez porque está aberto no computador de Mason e nesse momento ele está treinando então não conseguiria liberar o acesso.

Pelo menos uma coisa tinha resolvido: a reunião. E consegui passar todos os pontos que eu e Anaya gostaríamos. Acertei toda parte burocrática da remuneração das costureiras que seria paga em parcelas, custo de produção, modelagem, data pra final de produção e data prevista pra lançar o marketing dessa coleção já.

Eu diria que a mudança mais radical foi a retirada dos brasões/escudos dos times das peças planejadas. Todo nosso esforço ao pegar as assinaturas dos dirigentes dos clubes foi em vão, em partes. Mas essa costura de brasões e s divulgação seria muito complicada. Se o financiamento e o marketing do desfile estivessem em jogo iríamos manter o plano original.

Mas nossa tesoureira disse que precisávamos fazer certos cortes. Aqui no ateliê existe uma outra funcionária chamada Beatrice, formada em Marketing, Publicidade e Moda. Beatrice foi autora da ideia de cortar os brasões pra facilitar na divulgação — assim evitando brigas das torcidas enquanto a peça —, para facilitar a costura das minhas produtoras e para cortar metade do custo já que os brasões seriam bordados.

Agregando a ideia, decidimos fazer mais de uma cor disponível para cada peça. Então torcedores do Arsenal e United compram a mesma peça na cor vermelho, e fãs do Chelsea e City escolham o modelo azul.

Eu faria a reconstrução da peça imediatamente, mas esse problema do drive atrasou. E como não havia nada pra fazer além de lamentar, chamei todos para comer no restaurante mexicano que tem perto do ateliê. Obviamente nem todos foram, mas foi bom estar com eles ali.

O almoço foi muito agradável e o clima nublado sem chuva, apesar do calor, tornou as coisas um pouco melancólicas demais pra mim. 

— Queria entender porque a chefe tá com essa cara? - um dos meus funcionários que trabalhava na tesouraria perguntou na hora de irmos.

— Ah gente, eu tô lembrando de como foi o começo de tudo. Quando o ateliê era só um espaço de vende-se, quando nossos caminhos se cruzaram para ter vocês comigo, nossos trabalhos e propostas. Já faz um tempo e eu sou tão grata, finalmente vamos lançar algo com potência pra ser maior.

— Ai meu deus, a Giovanna nunca fala assim tão fofo. Juro! - Anaya disse - Amiga, se você continuar eu vou chorar, que lindo.

— Não, hoje não é dia de chorar gente. Que isso? - Artur disse - Hoje é dia de ser muito feliz.

— Por isso mesmo, todos vamos pra casa e se agasalhar porque a chuva já vem ai. - Beatrice diz - Meu namorado falou que mais no norte ia tá chovendo e pra trabalhar na segunda não tem como se estiver doente.

— De uma maneira tão adulta você está sempre certa, né Beatrice? - eu falo e acabo fazendo todos rirem. - Quem quer carona? Tem 3 vagas.

Nos organizamos na carona e fomos pra casa. Enquanto Anaya mexia no meu celular pra escolher uma música ela fez uma cara de julgamento que só eu entenderia.

— Que grupo é esse que você acabou de ser adicionada? - ela pergunta.

— Se eu acabei de ser adicionada como eu vou saber qual é o grupo. - eu disse rindo.

— "wifey material" com duda e faith. - ela descreve.

— Ah, são minhas amigas. A esposa do Paquetá e a namorado do Bellingham. - eu falo

— Não sabia que tinha outras amigas... - Anaya fala

— Ué, você também tem. - eu digo - As amigas da faculdade? A maioria mora por aqui e vocês vivem se encontrando.

— Isso são horas de ciúme, querida?

— Você quem começou, Anaya. - e a gente cai na risada. - O que você vai fazer? Quer ficar lá em casa? Vou dar um check com algumas coisas do projeto.

— Não posso, vou receber visita. - ela fala com aquela voz animadinha que eu já sabia o que significava.

— De quem? Você não me falou que tava conversando com ninguém.

— Gi, não briga comigo. Mas não vou te contar agora.

— Tudo bem, eu apareço na sua casa mais tarde como troco do dia que eu estava com Mason. - eu disse rindo. Ela sabia que não passava de uma brincadeira

— Falando sério, eu atrapalhei a foda naquele dia?

— Não, ele não tem essa intenção comigo. Eu acho. Todas as vezes que tivemos a oportunidade ele fugiu.

— Será que ele não é desses?

— Desses? Tipo, afim de sexo? - eu falei. - Acho que é, mas não comigo. Talvez ele não queira elevar as coisas sabendo que a gente não passa de negócios.

— Ah. - ela fica em silêncio por um tempo. - As vezes eu esqueço que vocês são falsos. Combinam tanto.

— Sabia que eu também esqueço? E isso tem sido uma merda.

Anaya da uma risada de consolo, se é que isso existe, e faz um carinho no meu braço como se eu fosse uma coitada. Mas ela tratou de mudar de assunto e não deixar o clima pior ainda.

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