oito

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(Quarta-feira)

O apitou tocou, o jogo começou. Mas eu, respeitosamente, estava fazendo mídia. Meu outfit, com terceira peça e outros acessórios, foram um spoiler do que minha coleção preparava.
Na própria segunda-feira, após o almoço caótico com um entrevistador inconveniente, pedi que Anaya mandasse a costureira mais rápida que tínhamos até o ateliê. E pedi a Marjorie que produzisse o casaco mid do Chelsea com o esboço que eu mesma tinha feito para o dia seguinte.

Eu queria usar no jogo pra causar choque de peças, os torcedores ficassem se perguntando onde achar minhas peças. Claro que não estava perfeito, até porque nem o esboço era o produto final. Mas Marjorie, uma senhora amável, fez seu trabalho muito bem feito e me entregou na própria terça, dei a ela uma boa quantia.

No momento que postei a foto com a legenda "Lesgo Chelsea! Lesgo M💙" guardei meu celular e prestei atenção no jogo. Mason estava jogando, nada de banco para ele. E descobri que eles disputavam os últimos jogos da Champions, eu acho. Melhor dizendo, eram os últimos jogos da temporada.

Havertz também estava no jogo, mas isso não pareceu atrapalhar meu falso namorado.

O primeiro gol saiu só nos acréscimos do primeiro tempo. O time adversário marcou e os jogadores do Chelsea foram pra algum lugar muito bravos.

No segundo tempo, os 25 minutos foram agonizantes. Até que Havertz, através de uma assistência do Mason, fez um gol bem no canto do gol deixando tudo empatado. E assim, não vou enrolar muito, o jogo acabou no 1x1.

Fui pro mesmo lugar da última vez, onde ele iria me encontrar. Alguns jogadores passaram por mim e deram piscadinhas, mordidas no canto da boca ou acenos. Apenas dei um meio sorriso e fiquei me perguntando se não era pra eles estarem super mal pelo empate. Eles estavam flertando comigo?

— Giovanna! - Mason disse sorrindo e vindo até mim. - Tudo bem?

— Oi Mason. - sorri e estendi a mão, mas ele me puxou para um abraço.

— Acho que um aperto de mão fica muito falso para um casal de namorados né? - ele diz jogando a cabeça para um lado, indicando que eu deveria virar naquela direção.

Era só um adolescente com câmera apontada pra nós, provavelmente vai vazar a foto.

— É. - eu ri sem graça. - Não era pra você estar triste porque empataram?

— Claro que não! Jogamos contra o Barça, eles tem um time muito superior que o nosso. O empate é uma derrota pra eles. - ele fala. - Vamos dar uma volta?

— Vamos. Não aguento mais essas câmeras ao meu redor. - eu disse.

— Como assim? Tem te importunado muito?

— Segunda-feira um maluco jornalista ficou me enchendo de perguntas enquanto eu ia almoçar. Anaya e eu saímos correndo até chegar o restaurante que pedi pro segurança barrar ele.

— Eu sinto muito por isso. Acho que mesmo você sendo famosa no mundo da moda, o povo dessa área é menos maluco do que o povo do futebol. - ele disse abrindo a porta do carro pra mim.

— Eu não sou famosa nem no mundo da moda, sou iniciante. Você está me dando mais reconhecimento do que meu próprio trabalho.

— Não fala assim. Sua fama vai se dar porque você é uma ótima estilista, não por causa de um jogador mediano. - ele me olha antes de ligar o carro - Eu vou dar uma entrevista confirmando nosso namoro, quem sabe assim eles param de te importunar.

— Obrigada, eu ia amar. - Eu disse e nós dois rimos. - Onde vamos?

— Não sei, pensei em só dirigir por aí e ficar com você. - ele disse concentrado na rua porque tinha muitos torcedores ainda.

— Tudo bem, eu adoro rolê no carro. Inclusive, o seu é lindo. Qual é o modelo?

— Ranger Evoque. - ele respondeu. - Como estão as coisas no ateliê?

— Caóticas. E recebi a visita do chefe administrativo de passarela, fiquei super nervosa. - disse. - Só que ele foi muito querido, fiquei feliz.

— Esse seu casacão ficou muito legal, tá na coleção? - Mason perguntou enquanto me passava o celular aberto no app de música. - Pode escolher.

— Tá sim, postei um stories com ele. Foi um dia bom pra usar já que está esse friozinho. - eu disse enquanto selecionava "Hearts Ain't Gonna Lie" pra tocar. - Como que você não fica com cheiro fedido depois de 90 minutos jogando?

— Antes de te ver, eu jogo a ducha no vestiário. Não iria te abraçar com suor no corpo.

— Mas tipo, você não tá cansado? Passou o tempo inteiro jogando e agora vai dirigir por mais um tempo. - eu falei.

— Tô cansado, mas achei legal fazer esse convite pra te conhecer melhor. O acordo pede isso ne. - ele respondeu.

  E essa resposta fez ele ficar 100% mais bonito do que ele já é. Eu não costumo sair com muitos caras e, por incrível que pareça, todos os que eu saí nesse lugar eram super rasos quando se tratava de ter uma conversa sobre a vida. Quando alguém demonstra que está ali pra te conhecer, pra entender suas falas, tudo fica 100% mais interessante. Mesmo sabendo que isso não passa de um encontro de negócios, já que tem todo rolê do namoro falso.

— Se você quiser parar em qualquer food truck desses e comer dentro do carro em frente a algo bonito, eu sou super adepta. Não quero te cansar mais ainda. - eu falei. - Inclusive, nunca provei nenhum cachorro quente dessa região.

— Bom, então é isso que vamos fazer. - ele disse estacionando o carro e logo em seguida saindo pra comprar nossa comida.

  Quando voltou e me entregou o lanche, eu percebi que esse era o mais parecido possível com o do Brasil. Tinha um queijo derretido por cima, um molho que lembrava o vinagrete, ketchup e mostarda. Sim, esse era o mais parecido com o Brasil até agora.

— Sério, esse cachorro quente é completamente diferente do brasileiro. - eu disse quando dei a primeira mordida.

— Você tem que me contar mais sobre o Brasil, eu nunca estive lá. - ele disse.

— Fica aberto meu convite pra sua ida então. - eu sorrio - Mas assim, lá varia de região. Eu sei que no Rio de Janeiro tem batata palha, milho, ervilha, molho, ovo de codorna, tem gente que gosta de passas e queijo ralado também. Mas em São Paulo, além disso tudo, ainda tem purê de batata por cima como se fosse um selador sabe?

— O que? Eu não consigo nem imaginar como é isso, é quase uma explosão de coisas. - ele ri. - E tem muitas outras diferenças né?

E começamos a falar sobre muitas coisas, eu amava falar sobre o Brasil. Eu sentia falta. Ele me ouviu em cada detalhe e cada vez mais fazia perguntas interessantes. Foi ótimo me sentir assim.

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