Decepção

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Araújo estava lendo para o filho, quando Maria foi avisar que Sarita queria vê-lo. A mesma subiu rapidamente e mal esperou que Maria o chamasse, invadiu o quarto do homem, deixando os dois espantados com a sua presença repentina.

—Sarita? O que faz aqui?

—Cláudio, venha comigo? Eles precisam conver... —Maria tentou retirá-lo dali, mas logo foi interrompida:

—Deixe o menino! Creio que a notícia também irá agradá-lo... —Sorriu com sarcasmo.

—O que está querendo dizer com isso?

—Eu estou grávida! —Disse de uma vez.
—Você será papai. E Claudinho
ganhará um irmão! —Deu uma risadinha cínica.

—Que caras são essas...? Não ficaram felizes com a notícia?

Araújo ficou paralisado por um instante, enquanto Cláudio disparou nervoso:

—Grávida? Isso é verdade papai? Me responde?! 

—Mas é claro que sim! Seu pai e eu...

—Cale a boca, Sarita! —Gritou se levantando de forma tensa. —Maria, por favor? Leve o meu filho? Eu preciso conversar a sós com Sarita!

Anastácia, que andava de um lado a outro no corredor, preocupada com o menino, acabou ouvindo a voz de Araújo alterada, e ficou ainda mais aflita em ver que Maria ainda não havia saído do quarto com Cláudio.

—Por favor, meu filho? Depois nós conversamos!

Maria segurou na mão dele, convencendo o menino a acompanhá-la. Ao ver Claudinho sair do quarto chorando, Anastácia o abraçou.

—Venha comigo, querido? Por favor, vamos para o seu quarto? —Tentou poupá-lo de continuar ouvindo aquela discussão. —Seu pai há de resolver essa situação.

***

—Isso não pode ser verdade! Você só pode estar a mentir! —Esbravejou Araújo, segurando os braços de Sarita com força.

—Você está me machucando! —Murmurou ela, o fazendo se afastar ao perceber o que estava fazendo. —É claro que esse filho é seu! Ou já se esqueceu o que fizemos naquela noite?
—Fez questão de lembrá-lo.

—Sei que não não é nenhuma santa! Não posso ter certeza de que esse filho é meu!

—Eu jamais iria mentir sobre algo tão sério! —Fingiu estar ofendida. —O filho é seu e eu exijo que se case comigo!

—O que?! —Disparou ele.

—O que acabou de ouvir! —Falou rapidamente —Não pense que irei ficar com um filho sozinha nos braços!
Eu não tenho  para onde ir! —Se virou fingindo chorar. —A vovó já está sabendo e acabou de me expulsar do Dancig! Há de me deixar morar nas ruas carregando um filho seu nos braços?

Ele respirou fundo, com uma certa dificuldade. Passou a mão pelo rosto tenso, e soltou o ar de uma vez, antes de responder:

—Por enquanto você ficará em minha casa —Engoliu em seco —Se o filho realmente for meu, cumprirei com meu papel de pai.

Mas não hei de me casar com você!

Sarita o olhou furiosa, e tomada por um excesso de raiva, partiu para cima lhe desferindo alguns tapas no peito. Araújo a segurou com força, não queria machucá-la, mas na tentativa de se defender de sua fúria, a jogou sobre a poltrona. Ao fazer isso, levou uma das mãos ao peito, sentindo uma pequena pontada com o esforço que acabara fazendo.

—O que estar a sentir? —Sarita o viu fazer uma pequena careta, passando a mão sobre o peito. —Por favor, me desculpe! Eu não quis machucá-lo!
—Se levantou rapidamente, com ar preocupado.

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