...eu vim te agradecê pelo que o ocê fez pela mãe deu.
Disse Candinho, deixando o advogado sem palavras.
—Ela já me contô que a Sandra tentô matá ela e que se não fosse ocê ela teria morido. Eu nunca vô ter como agradecê ocê por ter salvado a mãe.
—Você não precisa agradecer, eu...
—Mai é craro que precisa! O que ocê fez eu nunca vô tê como pagá. Mai eu posso te dá um abraço?
—É claro! —Respondeu ele sorrindo, antes de sentir os ossos quase serem esmagados pelo abraço de Candinho.
Ao se afastar, Candinho se assustou ao vê-lo tossir, quase sem ar.
—O que foi? O Sinhô tá se sentindo mal?
—Não, Candinho, não se preocupe, está tudo bem comigo, foi só uma tosse —Tentou disfarçar, lhe dando um sorriso, que foi retribuído de forma inocente.
***
Quando Candinho voltou da casa de Dr. Araújo, viu sua mãe na sala com um sorriso bobo enquanto olhava Filomena dar a mamadeira ao seu netinho. Se aproximou silenciosamente, sem querer atrapalhar aquele momento em que as duas mulheres de sua vida estavam mais próximas.
—Eu gostaria muito de ter amamentado ele por mais tempo, mas infelizmente meu leite secou rápido. —Disse Filomena, lamentando.
Anastácia sentiu um nó se formar na garganta com aquela lembrança.
—Meu leite também secou muito rápido —Disse ela, tentando conter a emoção na voz. —Infelizmente eu... mal consegui alimentar o meu filho quando nasceu, o meu pai... ele o arrancou de meus braços de uma forma muito cruel...
Filomena sentiu um aperto no peito. Como Mãe, podia sentir um pouco de sua dor ao se colocar em seu lugar.
—Eu sinto muito pelo que a senhora passou, me desculpe eu não queria deixá-la triste ao falar...
—Não se preocupe querida, eu... só fiquei um pouco emocionada ao lembrar...
—Mãe, a sinhora me adiscurpa, eu acabei ouvido um pouco da conversa quando entrei... Meu coração dói por dimais em lembrá que fui arancado de seus braço quando nasci —Se sentou perto da mãe, segurando sua mão ao falar: —Nóis sofremo por dimais distante um do outro, mai o que importa é que nóis se encontremo, e nunca mai haveremo de ficá longe um do outro!
Anastácia sorriu, fazendo um carinho no rosto do filho.
—Sim, meu filho. O mais importante é que Deus me trouxe você de volta, e para completar a minha felicidade vocês me deram um neto que é a coisinha mais linda desse mundo. —Segurou a pequena mãozinha, dando um beijo carinhoso, enquanto Candinho e Filomena olhavam sorrindo.
...
—Candinho acabou adormecendo —Disse Filomena. —Acho que vou levá-lo para o berço.
—Mai esse muleque é muito durminhoco —Anastácia sorriu com o jeito do filho.
Assim que ficaram às sós, Candinho comentou com a mãe:
—Ah mãe, eu já agradeci o Dr. Araújo por ele tê salvado ocê da Sandra. Mai a verdade é que eu nunca vô tê como agradecê.
Anastácia sorriu.
—Eu também não, meu filho... Doutor Araújo foi um grande herói naquela noite ao arriscar sua vida para me salvar... —Falou delicadamente. —Mas graças a Deus não se passou o pior a ele... eu teria ficado muito mal se por minha causa ele... tivesse morido —Suspirou ao lembrar.