—Como eu não tinha pensado nisso, Seu Osório?
—Em quê...?
—Que o Dr. Araújo pode estar apaixonado por Anastácia...
Disse com ar pensativo.
—É... Somente um homem apaixonado de verdade é capaz de dar a vida por uma mulher. Eu daria a minha por Gerusa —Falou com ar apaixonado.
—Tem toda razão. —Concordou Ema em um tom forte. —Anastácia vai ter que me contar essa história direito...
...
...Como se sente?
—Bem melhor —Respondeu Araújo, notando a sensação de alívio transparecer no belo rosto de Anastácia.
—Que bom —O olhou suavemente, parando ao lado da cama.
—Agora deve descansar, eu vim apenas saber como se sentia e dizer que...mais tarde Quitéria virá desfazer a sua mala.
Ele entreabriu a boca, como quem ia dizer alguma coisa, mas Anastácia o interrompeu:
—Desculpe-me, doutor Araújo, mas eu não posso permitir que saia daqui até estar completamente recuperado.
Ele suspirou, se dando por vencido.
—E-eu não me perdoaria se deixasse algo ruim acontecer ao senhor. E eu não quero... que se distancie —Segurou na mão dele. —Independente de qualquer coisa, a nossa amizade é o mais importante.
Ele a olhou, notando a aflição transparecer em seus olhos ao dizer a última frase. Lembrou-se de como ela temeu perdê-lo na noite em que Sandra o feriu. A voz de Anastácia suplicando que ele não a deixasse, jamais lhe saíra da cabeça. Como ainda lhe doía lembrar o mal que havia lhe causado junto a Sandra. Ele não merecia aquele cuidado. Não merecia o seu perdão por mais arrependido que estivesse. Não merecia estar ali. Seu coração havia sido ousado demais ao se apaixonar por uma mulher que se quer merecia a sua amizade.
Seu amor jamais seria correspondido, e mesmo se um dia chegasse a ser, uma relação entre eles era impossível. Sabia que Anastácia jamais assumiria algo sério com ele diante da sociedade, depois de todos terem conhecimento de seu caso com a sua sobrinha Sandra, e das humilhações que os dois a fezieram passar naquele tribunal.
Mas como seria injusto de sua parte abandoná-la após tudo que ela havia feito por ele, por seu filho... Não poderia ser tão egoísta ao ponto de pensar apenas em si naquele momento, e havia prometido estar ao seu lado até o último dia de sua vida.
Anastácia o viu tentar se ajeitar na cama e rapidamente o ajudou. Entre um suspiro ele segurou mais firme na mão dela e a olhando nos olhos lhe disse:
—E-eu não farei mais isso... E-eu... Eu vou estar sempre ao seu lado... como seu amigo vou cuidar da senhora até o último dia da minha vida.
Anastácia esboçou um sorriso.
Em seguida, de forma delicada lhe disse para descansar.***
5 dias depois...
Anastácia fez uma carinha desanimada enquanto ouvia o filho dizer ao telefone para segurar um pouco mais a saudade, pois havia se lembrado que o aniversário do pai seria no final da próxima semana, então não regressariam mais ao Brasil naquele dia, como havia planejado, já que queria passar o aniversário ao lado do pai.
—Ohh, meu filho... Eu já estava tão animada que até pedi pra Quitéria preperar um jantar especial... —Disse ela, sentindo a saudade se apertar ainda mais no peito. —Mas tudo bem, eu compreendo que quer passar o aniversário com seu pai, e acho uma atitude muito correta de sua parte, Ernani ficará muito feliz.
—A Filó deu as idea de nóis fazer uma surpresa pro pai. Ela merma vai fazê o bolo! Hehê —Disse Candinho bobo.
Anastácia riu, concordando que seria uma boa ideia.
—A sinhora acha, mãe? Será que o pai vai gostá?
—Porque não, meu filho? Ernani adora bolo e eu tenho certeza de que feito por Filomena ele vai até lamber os dedos...
—Brincou.—Ê lasquêra! Então vou logo pedi pra Filó fazê um bolo bem grande pro pai encher as pança.
Anastácia deu gargalhadas, adorava aquele jeito do filho. Ernani deveria estar se divertindo muito com ele todos esses dias juntos. Ela sabia que ele também amava o jeito de Candinho e isso a deixava feliz.
...
Com a ajuda da fisioterapia, Dr. Araújo se sentia cada vez melhor. Havia realizado mais alguns exames que constaram que o pulmão que fora perfurado estava praticamente sarado, porém ele ainda precisaria esperar mais alguns dias até estar completamente recuperado.
Após o jantar, Anastácia foi saber se o doutor Araújo não estava precisando de alguma coisa, mas ao chamá-lo na porta não obteve resposta, o que lhe fora um pouco estranho, já que ele também não costumava dormir tão cedo.
Pensou em voltar e chamá-lo depois, talvez ele tivesse ido ao banheiro, mas ao notar o silêncio no quarto, não pôde evitar a preocupação. E se ele tivesse se sentido mal de novo? —Movida pela preocupação girou com cuidado a maçaneta da porta, e vendo que a mesma não estava trancada na chave resolveu abrir.
Mas ao fazer isso, quase gritou assustada ao se deparar com o homem saindo do banheiro, apenas com uma toalha em volta da cintura.
—Dona Anastácia? Perdoe-me, eu...
Disse o homem assustado, vendo Anastácia ainda mais assustada, com as bochechas coradas ao olhar para seus músculos.