—Eu sei que está chateada com o que aconteceu
—Disse ele desolado, antes de se aproximar dela, que suspirou fundo ao sentir o ar quente tocar seu ombro —mas nós não podemos deixar que a nossa noite termine assim —Ele disse em voz baixa, levando as mãos lentamente em direção a ela, antes de continuar:—não precisa sentir ciúmes dela... e de nenhuma outra mulher.
—Sussurrou, tocando seus ombros carinhosamente, fazendo sua respiração ficar entrecortada enquanto ouvia suas palavras....precisa entender que ela não tem nenhuma importância para mim... que a única mulher que eu quero é você.
Ele virou-a lentamente em sua direção, enquanto beijava suavemente seu ombro. Em seguida, deslizou os lábios na lateral do pescoço, até tocar seu rosto suavemente...
... somente você —Sussurrou com intensidade buscando seus olhos.
Com o coração apertado de aflição ela engoliu em seco, se dando conta de como havia sido injusta com ele ao evitá-lo por causa daquele ciúmes bobo, ainda mais sabendo que ele ficara tão incomodado quanto ela, diante daquela situação desagradável.
—M-me desculpe —Disse ela em voz baixa. —por favor me desculpe? —Repetiu, tocando em seu rosto. —eu... eu não devia dar importância...
—Está tudo bem... —Interrompeu ele, passando suavemente a ponta do polegar em seus lábios —mas sim, você tem razão. Não deve dar importância à ela... —Falou, passando suavemente o dorso da mão no rosto macio, antes de acariciá-lo também com os lábios. —... embora eu deva confessar, que você fica mais linda ainda com ciúmes...
—Hun, é mesmo? —sussurrou ela, com um charme na voz.
—Uhunn... —Arfou ele, adoravelmente sedutor. Os lábios deslizando suavemente em direção ao ouvido, provocando arrepios em sua pele ao sussurrar rouco:
...e quer saber mais...?—S-sim? —Gemeu ela inebriada, fechando lentamente os olhos.
—...eu estou louco de vontade, de beijar esses lábios macios... acho que não posso mais resistir... —Falou rouco, provocando-a com os lábios quentes, bem próximos aos dela, que automaticamente se umedeceram.
—Ar-afonso —Ele sorriu adorando o efeito que seus lábios provocavam nela.
—É assim que eu gosto que me chame... —Disse ele, feliz em
ouvi-la chamar pelo primeiro nome. Embora eles houvessem se tornado grandes amigos desde que ela se casara com seu amigo Bento, costumavam se tratar na maioria das vezes com mais formalidade, principalmente por questões do trabalho. Mas agora que eram muito mais que amigos, ele não podia negar que tudo o que mais desejava era que um dia eles pudessem deixar todas essas regras de lado, e que pudessem viver aquele amor livremente, sem precisar esconder o que sentiam um pelo outro.—...minha querida Anastácia...
Ele sussurrou em seus lábios, que automaticamente se entreabriram ofegantes e quentes, se unindo aos dele ardentemente.
Então beijaram-se por longos minutos. Aproveitando cada segundo daquele momento as sós.
Apenas quando ela sentira o corpo se chocar levemente contra mesa, enquanto ele explorava também seu pescoço, lembrou-se de que a porta não estava fechada, e a qualquer momento Celso poderia acabar os flagrando naquela situação, caso decidisse vir para o escritório naquele horário, resolver alguma coisa da Fábrica.
—Afonso, querido —Arfou ela, em um tom quase inaudível. Os lábios vermelhos de tantos beijos. —A-ar.. a porta est-ar...
—Ah! A porta —Ele murmurou ofegante, se dando conta do perigo que estavam correndo. Mas antes de conseguir se afastar, ele lhe roubou mais um beijo. E mais outro, a puxando para si com ar apaixonado, fazendo-a sorrir em seus lábios.
Em seguida tentaram se recompor, antes de voltarem à sala.
***
Na tarde seguinte, Anastácia foi com Maria fazer mais uma visita à Gerusa, que ficou bastante feliz ao recebê-las. Após alguns minutos de uma conversa agradável, se despediram, desejando melhoras à moça, que agradeceu pela visita.
Ao saírem do quarto de Gerusa, ouviram quando Dona Camélia falava com uma pessoa na sala, explicando que infelizmente não estava com condições de contratar funcionários para a pensão.
Ao ver que era Clarice, amiga de Filomena, Maria indagou com ar preocupado:
—Perdoe-me, Dona Camélia! Acabei ouvindo um pouco da conversa, Clarice estar a procurar um emprego?
——Sim, Maria —Respondeu Dona Camélia —Clarice foi demitida do Dancing. Está desesperada, sem saber como há de ajudar a irmã daqui pra frente, as duas moram juntas num pequeno apartamento, dividem o aluguel e as despesas da casa, pois a irmã dela coitada, também ganha muito pouco, e não há de ter condições de arcar com tudo sozinha.
—Mas, o que aconteceu Clarice? Porque a demitiram? —Indagou Maria, apenas demonstrando preocupação com a pobre moça, que de uma forma um pouco envergonhada lhe explicou o motivo. A dona do Dancing, que havia a observado tomar chá de cadeira durante várias noites em seguida, já que nenhum de seus clientes a tirava para dançar, simplesmente a informara que ela estava fora do Dancing, já que não lhe serviria mais como TaxiGirl.
—Oh, Clarice... eu sinto muito pelo que aconteceu —Disse Maria, se sentando ao lado dela no sofá, enquanto Anastácia a olhava comovida. —Eu sei como deve estar aflita, sem saber como há de se sustentar daqui pra frente, mas não se desespere, há de ter alguma solução! —Disse confiante.
—Meu coração fica apertado por não estar com condições de ajudá-la nesse momento... Clarice é uma cliente antiga, e além do mais tem um grande carinho por minha neta Gerusa desde que era uma menina. —Sorriu —Sempre me ajudava a cuidar da Gerusa, quando eu estava cheia de trabalho...
Me sinto até envergonhada por não poder...
—Dona Camélia, espere! Eu acabei de lembrar —Interrompeu Anastácia, como quem acabara de ter uma brilhante ideia. —O Dr. Araújo, ele estar a procura de alguém que possa trabalhar em sua casa. Na verdade, ele precisa de uma babá fixa pro seu filho, alguém que tenha jeito com crianças, e pelo que ouvi, Clarice gosta de crianças!
—Sim, Dona Anastácia! —Sorriu esperançosa. —Meu sonho sempre foi ser professora, poder ensinar para crianças. Infelizmente meus pais não tiveram condições de pagar para que eu fizesse um curso —Seu sorriso foi se desfazendo ao lembrar —e como eu nunca consegui um emprego digno, acabei tendo que ir trabalhar no Dancing...
Mas nunca perdi as esperanças de um dia realizar meu sonho, e se eu pudesse ao menos ter a oportunidade de cuidar de uma criança, eu já seria muito grata!
—Então, Clarice? O que está esperando para ir com a Dona Anastácia falar com o Dr. Araújo? —Disse Maria, com um sorriso largo.