—Anastácia, porque não me ligou dando a notícia? O que está acontecendo? —Perguntou Ernani, preocupado.
—Er-ernani, me perdoe... eu não queria que o Candinho soubesse por telefone, eu...
—Não se preocupe com o nosso filho, ele ainda não sabe. Eu deixei que você mesma lhe desse a notícia. Mas não devia ter escondido de mim...—Falou um tanto magoado. — até parece que sou um estranho pra você... —Ela suspirou.
—Claro que não... você sabe que não é nenhum estranho para mim —Retrucou calmamente. —Eu só achei melhor esperar o Candinho voltar, ele está se divertindo tanto aí que eu não quis atrapalhar esse momento...
—Sorriu.—Tudo bem, me desculpe pelo que falei —Disse com delicadeza. —É que eu não pude evitar a preocupação em saber que estava passando por isso sozinha... —Fez uma pausa, antes de continuar:
—Eu sei que entre nós, muita coisa mudou... mas apesar de tudo, somos uma família. Saiba que eu vou estar sempre seu ao seu lado independente de qualquer coisa.—Eu sei, Ernani —Disse ela em voz baixa. —Agradeço por sempre se preocupar comigo, e principalmente por estar cuidando tão bem do Candinho —Ele sorriu.
—Eu quem agradeço por ter me dado a oportunidade de poder cuidar também do nosso filho, por me permitir fazer parte da vida dele...
—Eu não poderia lhe negar isso —Disse ela. —Muito menos ao nosso filho que queria tanto lhe conhecer...
—Eu o amo tanto... Você me deu o presente mais valioso que eu poderia ter na vida.
Ela sorriu ouvindo suas palavras.
—O seu amor pelo Candinho aquece meu coração. Como é bom saber que ele é tão amado por todos...
—Muito amado —Sorriu o pai orgulhoso.
—Bem, Ernani, eu peço desculpas mas agora vou ter que desligar, eu... preciso descansar um pouco.
—Claro, deve descansar mesmo. Eu espero que se cuide, e qualquer coisa conte comigo.
—Obrigada. Eu digo o mesmo.
—Disse ela, antes de desligar.***
Anastácia tentou descansar um pouco, a noite anterior não havia sido nada fácil, praticamente não havia dormido. Mas ao fechar os olhos, aquela cena invadiu seus pensamentos sem que pudesse evitar.
"—Anastácia —Sussurrou Araújo, acariciando seu rosto. —Eu não posso mais... viver longe de você... eu não estou suportando essa distância entre nós."
"Eu sei que também sente a minha falta... meu coração não pode estar enganado... sei que precisa do meu abraço... dos meus beijos..."
Os lábios se tocaram de forma suave e ao mesmo tempo intensa...
Se beijaram sem pressa. As línguas dançavam lentamente, num encaixe perfeito...
...
Deixando uma lágrima cair, Anastácia falava para si mesma em pensamento:
—Como hei de viver longe dos teus braços...? Como hei de arrancá-lo do meu coração...? Dos meus pensamentos...
Sei que vai acabar assumindo a Sarita por causa desse filho... e eu não posso atrapalhar o futuro dessa criança que há de nascer... ela precisa que os pais estejam juntos... eu não posso ser um obstáculo entre eles...
***
Algum tempo depois...
Dr. Araújo se encontrava na sala, sentado no sofá. Aquela cena não lhe saíra da cabeça nenhum instante:
