Ao descer da roda gigante, Anastácia suspirou aliviada, se repreendendo em pensamento pelo que estava prestes a acontecer lá em cima, caso aquela luz não tivesse voltado a tempo. Por sorte as crianças não havia ficado assustadas e Candinho conseguiu quebrar o clima tenso com suas gargalhadas divertidas ao descer da roda gigante com Filomena.
—Pai, com qual idade eu vou poder ir na roda gigante? —Indagou Cláudio olhando para cima, enquanto comia seu algodão doce.
—Eu também quero ir na roda gigante! —Disse Pirulito empolgado.
—Eu também quero muito! —Falou Alice.
E quando Araújo ia responder a pergunta do filho, foi interrompido por uma mão segurando sua cintura por trás de forma atrevida. Ao se virar bruscamente se deparou com Sarita, que na intenção de provocá-lo falou assanhada:
—Vamos comigo na roda gigante?
—Pediu com um sorriso malicioso, o deixando completamente envergonhado na frente de todos, principalmente de Anastácia, que o olhava visivelmente horrorizada.—Eu não vou a lugar nenhum com você —Rosnou furioso.
—Não precisa ficar tão irritado, eu só queria me divertir um pouco! —Falou cínica. —Por favor, venha comigo...? —Insistiu agarrando-se ao pescoço do homem, que descolou suas mãos bruscamente, apertando seus braços ao falar com raiva:
—Eu já disse pra me deixar em paz —A voz soou grave. — Saia daqui se não quiser que eu mesmo a tire a força!
—Me larga! Tá me machucando! —O homem a largou bruscamente, demonstrando todo seu desprezo pela sirigaita, que inconformada por não conseguir mais nada, o ameaçou:
—Há de se arrepender por isso! Eu ainda o farei se rastejar aos meus!
Ao vê-la sair, o homem suspirou irritado, e com uma pitada de alívio. Mas ao se virar, e se deparar com os olhos de Anastácia, sentiu-se devastado. Era visível o quanto ela estava irritada com aquilo. E naquele momento ele não conseguira evitar o sentimento de culpa pelo que ela estava sentindo. Por mais arrependido que estivesse de um dia ter se envolvido com Sarita, por mais que demonstrasse seu desprezo por ela, não havia como se livrar daquela terrível culpa, do medo de que um dia Anastácia acabasse desistindo dele por causa daquela sirigaita.
...Ê lasquêra... —Disse Candinho em voz baixa.
—E-eu sinto muito por isso, eu espero que me desculpem por essa cena desagradável —Falou o homem sem graça.
—Está tudo bem, não precisa se desculpar. Fez muito bem em ter a expulsado daqui —Disse Celso, com ar compreensivo, enquanto Maria concordava dando uma olhadinha discreta para a patroa e sentindo o coração apertar pelos dois. —Eu espero que ela o deixe em paz.
Ele engoliu em seco, sem conseguir evitar olhar mais uma vez para Anastácia, que estava visivelmente constrangida diante da situação.
...
Um minutos depois...
Celso viu a roda gigante parando lentamente, e como já havia combinado com Maria de irem juntos, logo chamou-a, deixando o clima um pouco mais leve ao aconselhar Dr. Araújo a esquecer o que havia acontecido e tentar continuar aproveitando a noite. Candinho por sua vez, avisou que ia dar uma volta pelo parque com Filomena e nesse momento, Dr. Araújo notou que havia bem próximo a eles, uma barraca com uma mesa enorme, onde podia perceber uma variedade de coisas à venda, como bola, pelúcias, bonecas, jogos de tabuleiro, chaveiros, caixinhas de músicas e vários outros objetos interessantes.
Apontando para a barraca, chamou Anastácia e as crianças para dar uma olhadinha antes de voltarem para casa, já que havia notado no relógio que as horas já estavam um pouco avançadas.
