Confissão

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Gente, dessa vez eu demorei não foi? Mas peço que me perdoem. Esses dias eu não me sentia muito bem, aí fiquei um pouco desanimada para escrever. Mas já está tudo bem e eu estou de volta com mais um capítulo! 🙏
(Esse está um pouco curtinho, mas prometo que o próximo será maior)
Enfim, espero que gostem! ❤

—Por favor, conte-me Dona Anastácia, o que aconteceu?

—O doutor Araújo —Sentiu a voz embargar.

—O que o doutor Araújo fez dessa vez?
—Maria já foi ficando indignada antes mesmo de saber o motivo.

—Ele me beijou!
Disse de uma vez.

—Dona Anastácia? —Maria ficou atônita. —Mas ele lhe beijou a força!?

Maria a viu ficar sem reação com a sua pergunta, antes de responder:

—S-sim —Respondeu insegura.
—Quero dizer...

—Acho que já entendi... a senhora... a senhora gostou?

—Maria! —Anastácia sente seu rosto queimar e levanta-se rapidamente da cama, ficando de costas para ela por um instante enquanto passa a mão no peito nervosa.

—Dona Anastácia, perdoe-me. Mas eu acho que se ele te beijou é um sinal de que estar a sentir algo pela senhora...

Maria fala levantando-se e Dona Anastácia vira-se para ela assustada com suas palavras.

—Não, não me diga uma coisa dessas, Maria!
—Nesse momento a moça segurou  suas mãos, que estavam frias.

—Dona Anastácia Realmente é muito difícil para a senhora aceitar que isso esteja acontecendo, depois de tudo que ele lhe aprontou! —Maria falou buscando seus olhos.
—Mas eu acho que esse sentimento tem muito haver com o Cláudio.

Anastácia a olhou confusa e logo a moça concluiu:

—A senhora tem sido como uma Mãe para o filho dele desde que o doutor Araújo foi para cadeia! Tem se dedicado muito ao menino, tem lhe dado o amor e o carinho que Ilde nunca fora capaz de lhe dar!

Ao ouvir isso, Anastácia ficou ainda mais nervosa. Tudo que Maria estava lhe dizendo fazia sentido, ainda mais depois de se lembrar das palavras de Dr. Araújo.

—Eu espero que você esteja enganada, Maria! —Engoliu em seco. —Que tudo que esse homem sinta por mim seja apenas gratidão!
—Ela se afastou tensa e praticamente caiu sentada em sua poltrona, muito abalada com aquela situação.

—Eu vou lhe buscar um copo com água! Vejo que a senhora não estar a se sentir bem.

Maria saiu rapidamente para buscar a água e Dona Anastácia levou as mãos ao rosto ao sentir que caíam algumas lágrimas.

***

Depois de se sentir mais calma, e a vontade para continuar aquela conversa com Maria, a viúva confessou-lhe que aquela não tinha sido a primeira vez que o Dr. Araújo havia lhe beijado. A confissão deixou a moça ainda mais chocada e certa de que realmente o homem estava apaixonado por ela.

***

—Você tem que ser muito esperta, Sarita! Primeiro terá que conquistar o filho dele! Terá que demonstrar que seria uma boa mãe para o menino, só assim ele se casará com você!

—É isso mesmo que eu estou tentando fazer, vovó! Mas não será tão fácil conquistar o Cláudio, ele tem desmonstrado não confiar em mim.

—Também não é para menos, depois de tudo que ele sofreu nas mãos de Ilde. —Dona Paulina falou compreendo a situação do menino.
—Mas é exatamente por isso que você terá que saber conquistá-lo.
—Falava enquanto Sarita suspirava impaciente.

—Não se preocupe, eu irei ajudá-la! Apenas siga os meus conselhos que são infalíveis...

Ambas sorriram maquiavélicas.

***

Aquela estava sendo mais uma noite difícil para Dona Anastácia. Pensar que por um instante acabou se deixando levar por aquele beijo, estava causando-lhe um grande desconforto no peito, e para completar, as palavras de Maria martelavam em sua cabeça, deixando-a completamente confusa com aquela situação.

Com Dr. Araújo não estava sendo diferente, por mais que tentasse, aquele beijo não lhe saía de seus pensamentos. A única diferença era que ao invés de incômodo, ele sentia que necessitava cada vez mais daqueles lábios, daquela língua que o deixou completamente louco de vontade de prová-la por muito mais tempo. Ele tinha certeza de que por mais que ela tivesse decepcionada com suas atitudes, ela não podia negar que também havia gostado daquele beijo, e enquanto pensava nisso ele sorriu mordendo o lábio de satisfação.

***

No dia seguinte, Anastácia acordou um pouco indisposta e Maria levou o seu café na cama. Ao ver aquela bandeja preparada com tanto carinho, com tudo que ela mais gostava, a mais velha sorriu delicadamente agradecendo a dedicação da moça, que ficou feliz em conseguir lhe arrancar um sorriso depois de uma noite tão difícil.

Antes de Maria retirar-se do quarto, ela lhe pediu que avisasse a Celso que ela não iria à fábrica naquela manhã, como havia planejado. Tudo que ela menos queria naquele dia era encontrar com o Dr. Araújo, e sabendo que hoje ele estaria na Fábrica o melhor seria ela ficar em casa.

***

Celso estranhou a expressão no rosto da noiva ao lhe dizer que sua tia não iria à Fábrica, pois não se sentia muito bem, e Maria ficou sem reação com a sua pergunta:

—Tem certeza de que é só indisposição? Ou tem algo a mais e estar a me esconder?

Maria tentou disfarçar, embora odiasse ter que mentir para o noivo.
Mas ela havia prometido a Dona Anastácia que não contaria nada a Celso, e não iria quebrar a confiança da patroa.

—Não. Não há nada a esconder, Celso.
—Tentou parecer sincera.  —Pode ficar  tranquilo.

Celso a olhou não muito convincente, mas resolveu não lhe fazer mais perguntas. Apenas lhe deu um beijo apaixonado antes de ir trabalhar.

***

Os dias foram se passando e Cláudio tinha uma excelente recuperação. Aos poucos voltava a caminhar sem a ajuda das muletas, isso deixava o pai bastante feliz e aliviado. A única coisa que agora preocupava Dr. Araújo era a forma como vinha sendo tratado por Dona Anastácia. Desde aquele beijo que ela evitava o máximo lhe dirigir a palavra e nas pouquíssimas vezes em que isso aconteceu, ela se mostrou fria e até um pouco ríspida. Ele não podia negar que isso o incomodava e não era pouco, mal conseguia se concentrar no trabalho. Então decidiu que deveria tentar conversar com ela. Faria isso assim que que saísse da Fábrica.

***

—Celso, querido, está tudo bem?
—Indagou Anastácia ao ver o sobrinho pensativo, olhando da janela da sala, enquanto ela tomava café em seu sofá.

—Perdão titia... Eu estava... —Celso virou-se aproximando-se da mesma. —Bom, eu sei que não deveria, mas estava a lembrar da Sandra.
—Disse sem jeito.

Anastácia ficou em silêncio por um instante antes de se levantar e segurar nas mãos do sobrinho, ao indagar:

—Sente falta dela não é?
—Indagou em um tom triste.

—É estranho dizer isso titia, mas eu não consigo sentir falta da Sandra por mais que eu a ame. Apenas sinto pena da situação em que se encontra e lamento por ela ter escolhido um fim tão triste para sua vida.

Anastácia engoliu em seco. Também lamentava a situação em que a sobrinha se encontrava. Apesar de todo mal que ela lhe fez, ela ainda pedia a Deus todos os dias que Sandra se arrependesse, e que fosse perdoada por seus atos.

—Eu também lamento.
—A voz soou baixa.
—Apesar de todo mal que Sandra fez, eu peço a Deus todos os dias, que um dia ela possa se arrepender e ser perdoada por seus atos.

Celso a olhou ternamente.

—A senhora é um anjo, e Sandra que perdeu uma tia incrível!

Ela esboçou um sorriso e o abraçou com carinho.

Não percam o próximo! Vocês terão uma surpresinha... Só não vou dizer se será boa ou ruim kkkk
Beijos e até logo se Deus quiser!

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