-Meu filho! Você está andando?
Os olhares são direcionados aquela voz.
Araújo estava estático, chorando com aquela cena. Era muita emoção para um dia só. Anastácia também não conseguiu conter a emoção, e chorou junto.-Papai? -Cláudio ficou atônito.
-Sim meu filho, o seu pai está de volta -A voz saiu embargada. -M-mas sou eu quem estou surpreso com o que... estou vendo!
Tudo que ele mais queria na vida era que o filho voltasse a andar. Havia prometido a Cláudio que moveria céus e terra para que isso acontecesse, e agora que estava vendo esse sonho ser realizado, era uma emoção indescritível.
-Papai, o senhor viu? -Cláudio indagou em êxtase. -O senhor viu? Eu consegui andar! Eu consegui!!!
-Eu vi, meu filho! -Ele sorriu, e correu para abraçar o filho. Ajoelhou-se na frente do mesmo, e o apertou tão forte entre seus braços, que pôde sentir as batidas do coração do menino, de tão emocionado que estava.
Anastácia também estava em êxtase. Havia feito de tudo para tirar Dr. Araújo da cadeia, pois apesar de todo mal que ele havia feito a ela, Cláudio não merecia ficar sem o pai.
-Bom, eu acho melhor o Cláudio descansar um pouco, hoje ele já se esforçou bastante -Disse o fisioterapeuta, orgulhoso. -Meus parabéns, Cláudio! Logo você vai estar andando sem as muletas!
-Eu estou tão feliz! Tão feliz! -O menino sorriu, com os olhos brilhando de felicidade.
***
Araújo ajeitou Cláudio na cama, e sentou-se ao lado dele, segurando na mão do pequeno. Estava com tanta saudades, que agora que estava ao lado do filho novamente, não iria se separar nunca mais. -Pensou.
O fisioterapeuta se despediu e se retirou do quarto logo em seguida, e Anastácia pegou na mão de Alice, avisando que também os deixariam as sós, para que pudessem ficar mais à vontade. Mas no momento em que estava de saída, foi interrompida por Araújo:
-Dona Anastácia -A olhou. -Depois eu gostaria de conversar com a senhora. -Disse um tanto sem jeito.
Anastácia o olhou por um instante, e depois assentiu com um pequeno gesto de cabeça.
-Está bem -A voz soou baixa. -Eu estarei no meu escritório.
Ela disse, e saiu logo em seguida, com Alice.-E então, meu filho? Como está se sentindo?
-Muito bem, pai! -Respondeu animado. -Eu ainda não acredito que estou conseguindo andar, e que tenho o senhor de novo comigo!
-Ahh, meu filho... Você não tem ideia do quanto eu também estou feliz! -O abraçou mais uma vez.
-Que saudades eu senti do senhor, papai! -Cláudio disse enquanto o abraçava.
O pai engoliu em seco.
-Mas ainda bem que eu tinha a Dona Anastácia, que sempre me contava histórias para dormir. -Disse saindo do abraço. -Pai, ela tão boa comigo. -A voz soou delicada.
-Eu queria muito ter tido uma Mãe como ela.Araújo sorriu ao ouvir aquilo. Realmente Anastácia era uma mulher admirável, totalmente diferente de Hilde, sua ex mulher. Ela sim teria sido a Mãe ideal para seu filho, pois era doce, sensível, e sempre demontrou interesse pelo bem estar de Claudinho.
-A sua Mãe também era doce, como a Dona Anastácia. -Ele sorriu ao lembrar. -É uma pena que você não tenha lembranças dela, era tão pequeno quando ela partiu.
-O senhor sempre me falou que ela era boa. -Cláudio esboçou um sorriso. -É bom saber disso, pois eu sei que ela está no céu, cuidando de mim.
-Com certeza, meu filho. -Ele tocou no rosto do pequeno, com carinho. -E assim como eu, ela deve estar muito orgulhosa de você!
Cláudio sorriu, sentindo uma sensação boa naquele momento.
***
Algum tempo depois, Anastácia ouviu batidas na porta do seu escritório, e respirou fundo antes de responder:
-Entre.
-Com licença, Dona Anastácia.
Ela o olhou de relance, terminando de assinar um documento, e ele se aproximou um pouco sem jeito.-Bom, eu não vou tomar muito o seu tempo -A olhou. -Só vim agradecer por ter cuidado tão bem do meu filho, na minha ausência.
Anastácia depositou a caneta ao lado, e o olhou.
-Cláudio é um menino de ouro. -A voz soou delicada. -Para mim está sendo um enorme prazer tê-lo na minha casa. -Ela esboçou um sorriso ao falar do menino.
-A senhora foi um anjo de Deus na vida do meu filho! -A olhou. -Ele vai sentir falta das histórias que contava para ele dormir. -Sorriu. -E da comida da Quitéria.
-Eu também vou sentir falta dele. -Ela engoliu em seco.