—Titia, eu acho... —A voz saiu embargada. —acho melhor a senhora ficar, eu entendo perfeitamente a dor que a Sandra já lhe causou —Disse ele antes de entrarem no carro. —acho que não se sentirá bem em...
—Eu quero ir, Celso —Instistiu ela, sentindo que precisava ver Sandra.
***
Hospital Carlota Joaquina/UTI
Celso foi o primeiro a entrar e ver Sandra naquele estado deplorável. Completamente abalado, ele se aproximou devagar, antes de tocar sua mão com cuidado. As queimaduras em Sandra haviam deixado ela praticamente irreconhecível.
—Sandra —Sussurrou com pesar. A vontade de chorar era inevitável, mas precisava se manter forte. Não queria tornar aquele momento mais difícil.
Sandra abriu os olhos lentamente, reconhecendo a voz do irmão.
—M-meu irmãozinho... —Sussurrou.
Celso ficou aliviado por ela recebê-lo com carinho, diferente da última vez em que ele a visitara. Sandra havia ficado tão nervosa, que seu psiquiatra achou por bem dispensar as visitas por um tempo.
—Estou aqui, minha irmã —Respondeu em voz baixa.
—Titia... e-ela não veio...
—Titia está lá fora, ela não pôde entrar agora, mas entrará logo em seguida, fique tranquila.
Sandra o olhou com dificuldade. Mal conseguia abrir os olhos.
—Celso —Sussurrou. —E-eu n-não tenho... m-muito tempo...
—Sandra... —Celso tentou interrompê-la ao vê-la respirar com dificuldade. Mas Sandra insistiu. Não queria partir sem antes lhe dizer aquilo:
—E-eu só q-queria... que soubesse que... eu desejo que seja muito feliz... ao lado da Maria.
Celso sorriu em meio as lágrimas. Não podia crer que acabara de ouvir aquilo da boca de Sandra. Em meio a dor, sentiu uma pontada de felicidade, não só por Sandra abençoar sua união com Maria, mas principalmente por saber que ela poderia partir em paz.
—Eu te amo, Celso —Sussurrou, deixando escapar uma lágrima.
—Eu também —A voz saiu embargada. Celso já não conseguia conter as lágrimas. —Eu nunca deixei de amá-la... Eu amarei para sempre... minha irmãzinha —Celso a abraçou com cuidado.
Sandra esboçou um sorriso.
—Celso... —Sussurrou ofegante. Ele a olhou assustado.
—Por favor... chame titia... e-eu preciso... preciso vê-la...
—Fique tranquila! Eu irei agora mesmo! —Celso saiu rapidamente. Sentia que Sandra já não tinha muito tempo de vida, mas não imaginava que ela já estava em seus últimos minutos.
—Titia, ela está pedindo para vê-la!
Anastácia sentiu o coração disparar. Suspirou forte, antes de entrar naquela UTI, deixando Maria ao lado de Celso, que recebeu um forte abraço da noiva.
***
Anastácia pediu forças a Deus, antes de entrar naquele quarto. Não podia negar que mesmo diante daquela situação, temia a reação de Sandra ao vê-la. Afinal, não sabia porque ela havia lhe chamado.
Ao olhar para o seu corpo e rosto, que antes eram tão belo, se assustou. Como era triste ver uma pessoa tão vaidosa como ela naquele estado.
Sandra estava com os olhos fechados, mas ainda estava respirando. Anastácia percebeu que ela já não tinha muito tempo. Sentiu um pouco de dificuldade em dizer que estava ali, mas precisava ser rápida.
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