—Cláudio, me deixou preocupado. O que está fazendo aqui sozinho?
—Disse Araújo ao chegar no jardim.—E-eu só queria... ver as estrelas —Disse ele em voz baixa.
Araújo engoliu em seco, em seguida se abaixou, ficando ao lado do filho.
—E... podemos ver juntos? C-como fazíamos antes? —Perguntou sem jeito, temendo que o filho ainda estivesse bravo com ele.
Cláudio assentiu de leve, com um pequeno sorriso, antes de olhar novamente para cima.
—Papai? O senhor viu? —Falou emocionado. —Viu a estrela piscando? É a mamãe.
—Sim, meu filho —Respondeu ele sorrindo. —Eu vi!
***
—Boa noite, meu rapaz —Sussurrou, colocando o cobertor sobre o corpo do filho. —Tenha doces sonhos...
—Boa noite, papai. —Disse Claudinho olhando no rosto dele. —Obrigado por ter olhado as estrelas comigo.
—Não precisa agradecer, meu filho. Sabe que sempre gostei de ver as estrelas com você.
Cláudio fez um pequeno gesto com o canto dos lábios, algo como um fraco sorriso. Não podia negar que ainda estava triste com ele pelo que estava acontecendo.
—Te amo, meu filho. Você é tudo de mais precioso que eu tenho na vida! —A voz soou emocionada.
Cláudio fechou brevemente os olhos ao sentir seu abraço reconfortante, que o fez lembrar o quanto se sentia seguro nos braços dele, e o quanto o amava. —Ninguém há de machucá-lo outra vez. Eu juro.
***
Algum tempo depois, Araújo se encontrava deitado em sua cama, pensando novamente em Anastácia. Tocava os lábios suavemente pensando naquele beijo. Por mais que ela lhe dissesse que fora uma erro, seu coração lhe dizia que ela havia gostado.
Naquele mesmo instante, a viúva também se encontrava com as mesmas lembranças... por mais que tentasse, aquele beijo não lhe saía da cabeça. Estava tão atormentada, tão abismada consigo mesma por ter beijado Dr. Araújo. Pior ainda, por ter gostado daquele beijo, de suas carícias... Por tudo que era mais sagrado! Aquilo jamais devia ter acontecido. Onde estava com a cabeça?
—Se perguntava confusa com toda aquela situação.***
No dia seguinte, inconformada com a rejeição do pai de Cláudio, Sarita resolveu ir ao Dancing desabafar com a avó, que acabou lhe dando alguns conselhos...
—Se quer mesmo se casar com ele... terá que conseguir engravidar de verdade, antes que ele descubra que está mentindo...
—E como hei de conseguir se agora ele me rejeita? E tudo por culpa do chato do Cláudio que já deixou claro que não gosta de mim!
—Bem, então se diz que ele já não quer mais nada com você... será impossível conseguir... A menos que... Bem, eu não deveria lhe dar esse tipo de conselho... —Falou desconcertada. —Mas como eu sei que nunca foi nenhuma santa...
—Eu já entendi o que está querendo dizer... —Sorriu com ar malicioso.
***
—Boa tarde, titia! —Disse Celso ao voltar da Fábrica e encontrar a tia quieta, sentada no sofá da sala. —Como se sente?
Perguntou delicadamente. Maria havia lhe contado sobre o ocorrido no dia anterior, já que ao chegar em casa, Celso estranhou não encontrar mais Cláudio e Araújo na casa. Ele já havia conversado com a tia sobre aquele assunto, ja que sabia o quanto ela se preocupava com o filho de Araújo, mas jamais desconfiara de que havia algo a mais... Algo que estava tirando o sono da tia.