23 • O que sentimos?

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𝖁𝖎𝖐𝖙𝖔𝖗 𝕭𝖆𝖗𝖙𝖍𝖔𝖑𝖞

          𝕰stava disposto a tirá-la da minha vida de vez. Não queria me arriscar a ter nenhum tipo de sentimento por ela. Nem mesmo ódio. Não queria que virasse um câncer para mim. Uma obsessão incurável. Uma tortura mental. Isabelly Veiga vem me fazendo ter sentimentos que jamais senti. E que me recuso a sentir.

          Estou molhado, ensanguentado, recém curado, mas inabalável. Olhava essa intrépida com a arrogância que me fazia ser eu. Gostava de vê-la assim. Incrédula. Impressionada com a minha força e o meu poder. Seu vestido branco agora vermelho de sangue. Rasgado. Seus cabelos úmidos e com os cachos selvagens. Ensanguentada. A admirei dos pés a cabeça. Todavia não esqueci do sabor do seu sangue. A princípio amargo por causa do vírus que pude notar. Mas depois doce. E preencheu-me como nenhum outro havia feito. Era... viciante. Muito viciante. E eu queria mais.

          Andei a passos lentos até ela. Que se manteve sem guarda e abraçava o próprio corpo. Cheguei perto e inspirei seu cheiro. Deixando o aroma daquele doce sangue me invadir. As presas saíram involuntariamente. Meus olhos vermelhos. Fiz menção de tocá-la, porém...

          ─ Viktor, por favor...

          Eu ouvi bem? Ela estava... implorando-me?

          Franzi a linha entre minhas sobrancelhas.

          ─ Eu só quero ir embora. Chega disso.

          Ainda a olhando de cima, com meu indicador ergui seu queixo e a fiz me olhar.

          ─ Essa não é você. Está desistindo tão fácil. Por que não torna tudo mais divertido e vamos brigar mais um pouco? ─ Sorri sádico. Eu gostava de aterrorizar. E era o que ela estava nesse momento.

          ─ Eu...

          Toc! Toc! Toc!

          O som estridente de alguém batendo na porta a impediu de falar. Ambos olhamos na direção dela. Vi que Isabelly olhou ao redor.

          ─ Deve ser algum humano enxerido. Mas vou fazê-lo se juntar a nossa festa particular e vou beber até a última gota dele.

          A deixei e andei até a porta, a abrindo e vendo um jovem com a farda do hotel.

          ─ Ah! Se-Senhor... Bar-Bartholy! ─ ele gaguejava de medo só por me olhar. Nem estava com minha aura ativa. ─ É que... É que...

          Não perdi a paciência, mas me irritei.

          ─ Fale de uma vez, garoto!

          ─ Ouvimos barulhos vindo desse andar e vim conferir. Está tudo bem?

          Ele tentou ver através de mim para dentro do quarto.

          ─ Esse quarto não foi limpo ainda, como puderam dá-lo ao senhor?

          Suspirei calmo.

          Quando ia fazer menção de puxá-lo para dentro, Isabelly passou por debaixo do meu braço que estava escorado no batente e ficou entre nós. A olhei minuciosamente. Tirou o vestido e pôs um roupão. Talvez estivesse só de lingerie por baixo e esse pensamento cruelmente me atiçou.

          ─ Desculpe. Eu e Viktor somos uns irresponsáveis. Estávamos tão... animados aqui... que nem nos importamos com os outros hóspedes. Sinto muito se incomodamos.

          Não olhava o garoto, apenas a ela e sua audácia em insinuar que estávamos transando.

          ─ Ah! Claro! Mil perdões, senhora Bartholy. Vou me retirar. Tenha uma boa noite.

Indomáveis - Trilogia Paixões Indomáveis - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora