98 • Nem tudo são flores

31 6 6
                                    

Viktor Bartholy

         Ao entrarmos juntos, Fernando com Baby Eve nos braços, todos nos olharam apavorados. Assim como foi no meu casamento. Isabelly veio e nos olhou de cenho franzido.

          ─ Me dá a minha filha!

         Ergueu os braços.

         ─ Isa... ─ chamei sua atenção. ─ Vamos tentar.

         Ela aliviou a expressão.

         ─ Só que eu não estou disposto a isso ─ Luis emergiu, falando sério. ─ Esse homem foi o motivo de muitas desgraças.

          Os convidados olhavam a Fernando com diversas opiniões. Os vampiros originais presentes acuados, os lobisomens confusos, os híbridos aparte.

          ─ A verdadeira culpada está presa. Kalista. Fernando já teve sua redenção ─ Atreu o defendeu. E eu me surpreendi por isso.

          ─ Hah! Nessa história Fernando não teve arco de redenção merecido. É injusto! ─ Ashley falou.

          ─ Por quê? As histórias só são boas para você quando o vilão morre? ─ Fernando questionou tentando entender. Olhou Eve compassivo. ─ Às vezes, por mais cruel que seja, ainda há uma chance a dar. Se não fosse assim, não teriam dado chance aos meus netos. Julian não é bonzinho. Derian também não. Quem dirá Viktor. Ele pode ser até mais cruel que eu. E se for assim, se sempre o vilão tiver que morrer, por que terei que ser somente eu? Por acaso sou eu o único culpado da destruição do mundo? A desgraça gira em torno de mim? Eu não sou, serei ou fui o único aqui que cometeu erros. Mortes, enganos, mentiras, sofrimento. Apontem um aqui que está insento de tudo isso.

         Todos ficaram em silêncio.

         ─ Quem cala, consente.

         ─ Você tem toda a razão, Dom Fernando ─ Isabelly disse. ─ Você tem razão, não é justo te julgar assim, sendo que muitos ou todos aqui, já fomos, ou seremos, assassinos em potencial. Somos um bando de abutres, enganadores que se sustentam nos mais fracos para ficar em pé. Aquela lei hipócrita que diz que sobrevive o mais forte no meio, prova isso. Vampiros matam humanos para viver. Lobisomens matam animais e humanos para sobreviverem. Humanos matam animais para ter o que comer. O mundo sempre esteve contaminado por pecado e não há lugar para julgamento entre hipócritas aqui. Mas uma coisa sim: aqui se faz, aqui se paga! Pode ser que a sua pena não venha através de um farsante juiz, mas ela vem com o peso dos teus erros e dos teus pecados, que só à tua consciência concerne. Então você que lide com seus próprios erros.

         Ela se virou para os convidados.

         ─ Pessoal, o rei vampiro se faz presente em nossa festa. Vamos recebê-lo com respeito e continuar nossa atração. Musica, maestro.

         Os mariachis tocaram.

         Olhei minha esposa maravilhado mais uma vez. Como ela conseguia ser assim? Tão complacente. Aprendeu com seu próprio erro. Quem um dia julgou e acabou sendo julgado, não julga mais.

           ─ Não era os Veiga que estavam a altura dos Bartholys. Sempre foram os Bartholys que tiveram que chegar a altura dos Veiga. Não é à toa aquela classificação. Tanto as vampiras, quanto os lobisomens, são supremos. Agora sendo nomeados como Arquivampiras e Arquilobisomens. ─ Fernando disse ao meu lado. Passou Eve para mim.

           Agora os Veiga estavam sendo denominados como Arqui. O que quer dizer o mais forte ou o que está acima de sua espécie.

           ─ Você demorou muito para enxergar isso, avô.

Indomáveis - Trilogia Paixões Indomáveis - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora