61 • Eu errei

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Viktor Bartholy

            Permaneci sentado nesse bar, bebendo tranquilamente. Por longos minutos depois que ela saiu. Ainda não entendia. Se realmente pensa que poderá me moldar da sua forma, enganou-se terrivelmente. Não mudarei. Ela deve se adaptar a mim, com meus defeitos e virtudes. Assim como eu a ela. Sim, amo-a. Do jeito que é. Isabelly me conquistou com tudo que há nela. Decepciono-me ao saber que não quer parte de mim. Justo a parte que me domina. A parte má. Equivocamo-nos.

            Decidi ceder e ir até ela. Estava olhando o mar, que ficava em frente a pousada. Entardeceu e já estava nublado. Choveria.

            Aproximei mais, ficando atrás, mas ainda distante.

            ─ Sei que pensa que racionei errado. Mas é o que penso. Esse é o ponto crucial que abre uma cratera entre nós. Como posso eu, uma pessoa tão altruísta, disposta a ajudar a todos, estar com uma pessoa que está disposta a destruir tudo? É incoerência. Viktor, desculpe, mas o meu receio também está aí. Eu sou tão... Não... Eu definitivamente nasci para ficar sozinha. Não mereço estar nesse martírio e deixar que outra pessoa passe também. Sinto muito.

            ─ Está sendo mimada, birrenta e hipócrita. Fala de fazer o bem, mas você nunca reparou que é a primeira a fazer o mal a quem estar ao seu redor.

            Ela se virou e me olhou surpresa.

            ─ O que está dizen...

            ─ A verdade. Disse que eu podia ser transparente. E estou sendo. Entendo que é médica e põe as necessidades dos humanos acima das suas. Mas é justamente por isso que acaba danificando o que está perto de você. Sei que não é uma vampira comum, sim um projeto de alguém que te fez muito mal. Sei que no fundo ainda se sente humana e por isso tenta se redimir se equiparando com eles. Mas entenda que você não é. A natureza vampira, Isabelly, significa matar ou morrer. Matar para sobreviver. A lei do mais forte é posta em prática entre nós. Você mesma já matou para sobreviver. Fez isso com aqueles caçadores na floresta. E eles eram humanos. Você só fala de bem quando te convém. Então não seja hipócrita. Eu sou a pessoa que você mais machucou. Além de ter abandonado suas irmãs também. Se continuar com isso, vou ser o vilão que preciso ser e acabo com isso definitivamente.

            Falei sério, frio, inexpressivo. Numa expressão dura e com a aura obscura.

            Ela me olhava negando com a cabeça e surpresa.

            ─ Não acredito que está jogando tudo isso na minha cara. Além disso ainda me ameaça. O que está pensando?

            ─ Se acha que sou mau e não sirvo para estar ao seu lado, pois você é uma mulher boazinha demais, então corre atrás de Albert Munrou e deixe que ele satisfaça a sua fantasia de ajudar os fracos.

            Apenas sentir uma dor aguda e meu rosto arder, mas sem força o suficiente para fazer meu rosto virar. Ela ousou? Seus olhos estavam vermelhos e ela me olhava furiosa. Mantive-me inabalável, no entanto.

            ─ Não está no seu direito ─ adverti.

            ─ Me respeita. Eu larguei tudo para estar com você, reconheça isso.

            ─ E pare de jogar na minha cara. Se quiser, acovarde-se e vá com o rabinho entre as pernas para debaixo das saias dos seus irmãos. Não te forcei a largar tudo e se arriscar estar aqui. Fez isso porque supostamente me ama. Mas será mesmo?

            ─ Você sabe ser um babaca, Viktor Bartholy.

            ─ Não tanto quanto no dia em que você foi idiota o suficiente para deixar Albert plantado e vir correndo até mim.

Indomáveis - Trilogia Paixões Indomáveis - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora