Tá legal, eu entendia que Antônio havia passado por uma situação muito traumática lá na autoescola e sendo assim ainda tinha receio de correr certos riscos, mas também ele não precisava dirigir feito tartaruga enquanto eu estava enfiada em uma missão tão importante e que poderia mudar minha vida.
Para sempre.
— Tem certeza de que não quer que eu dirija? — me ofereci, indo até ele.
Antônio me encarou por trás de seus enormes óculos e trincou o maxilar.Entendi que aquilo era um não — o quinto, na verdade.
Soltei os ombros, derrotada, e voltei para meu assento.
— Se a gente apostasse uma corrida com as lesmas, as lesmas ganhariam — reclamei, me acomodando no banco.
Não tinha nem dez minutos que havíamos saído de casa e eu tinha a impressão de já estar presa nesse ônibus por um século inteiro.
— Larah tá certa, pai — Fábio interveio —, o senhor precisa ser mais rápido. Podemos ser pegos.
Aquilo acionou algo no cérebro de Antônio, que foi logo aumentando a velocidade gradativamente.
Embora Fábio não houvesse concordado com tudo que eu disse — sobre a questão de eu dirigir e tal —, não pude deixar de lhe soltar um “obrigada”, ao qual ele respondeu com um sorriso caloroso.
Não corei, nem senti nada de diferente.
Nenhum frio na barriga ou qualquer tipo de sensação que costumava sentir sempre que Lucas sorria para mim, e aquelas covinhas afundavam em suas bochechas.
Foco, Larah.
Empertiguei-me no assento e abri minha bolsa, a fim de pegar meu celular e fazer uma rápida ligação para Dávila.
Ela ainda podia me ajudar com algo.
Enfiei a mão lá dentro enquanto tentava prestar atenção na conversa de Fábio — sobre aliens e vida pós-morte — e fui remexendo, disfarçadamente, em busca do meu aparelho. Tateei papeis de bala, meu livro favorito, um batom, minha listinha de desejos, até chegar em algo metálico e comprido.Franzi o cenho e tentei ver o que era, mas, como Antônio dirigia rápido — e com isso eu queria dizer muito rápido —, algo lá na frente aconteceu e ele precisou frear com urgência. Então eu tombei para frente, minha bolsa caiu e eu tirei meu braço rápido de dentro dela, trazendo comigo o objeto que encontrei.
Sorri ao ver em minha mão a arma falsa que peguei de Daniel.
Mas aí toda confusão começou.
— Ai, meu Deus! — Fabio gritou num sobressalto. — A Larah tá armada, pai!
— Mas, o qu... — Antônio olhou para mim, depois para o objeto em minhas mãos e seus olhos ameaçaram sair de órbita — Eu sabia que não podia confiar em uma doida que quase me matou! Eu sabia!
— Não é iss... — tentei me justificar, apontando a coisa para Fábio, mas não adiantou, ele ficou ainda mais desesperado.
— Não me mata, por favor! Não me mata! — implorou, aos berros.
Levantei e ele se encolheu. Antônio estacionara o veículo em algum ponto que não reconheci, caminhei até ele.
— Eu não vou te assalt...
— Sai de perto do meu pai! — Fábio gritou. — O dinheiro tá aqui, toma, mas sai de perto do meu pai!
Girei o calcanhar e rolei os olhos.
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O Noivo Sumiu - em busca de respostas
Romance.."Larah está feliz da vida. Depois de tantos altos e baixos em seu relacionamento com Ricardo Albuquerque - seu namorado de longa data -, as coisas finalmente parecem se ajeitar assim que ele a pede em casamento. Ela está tão perdida em seus sonhos...