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— Você vai — Lucas meio que ordenou.

— Não vou não! — Recusei, segurando em meu pingente.

  — Vai sim — insistiu —, você nasceu pra isso, Larah.

  — Me dá mais motivos — impus.

  — Você não está totalmente sóbria. É sua obrigação fazer um tipo de loucura hoje.

Eu ri.

  — Isso nem é argumento — objetei.

  — O cachê é alto. Eles pagam bem.

Pulei do banco de frente para o balcão.

  — Isso sim é um argumento. Você vem comigo?

  — Não — respondeu —, quero assistir você. Daqui.

Então eu fui, como substituta da dançarina do poli dance, que precisou sair porque a pressão baixou, ou algo do tipo.

Foi aí que o fofoqueiro do Lucas gritou em alto e bom som que eu dançava bem, e todos ali imploraram para que eu subisse e fizesse o meu show.

Troquei de roupa num camarim improvisado — um chapéu preto, salto alto, espartilho de renda, short de couro super apertado e meia-calça escura.

Até refizeram minha maquiagem.

Já no palco, nervosa pra caramba, eu respirei fundo e abandonei o pingente. A música sempre me guiava, não seria diferente dessa vez.

Vamos lá, Larah, vamos arrebentar!

Me virei.

O olhar de Lucas — admirado, orgulhoso e embasbacado — foi o grande incentivo que eu precisava para começar a dançar.

A música lenta e sensual começou a tocar.
Ele sorriu para mim, eu sorri para ele, e, um pouco receosa, comecei a balançar meu corpo, de um jeito que eu acreditava estar sendo sexy.

Os homens gritavam, eufóricos. Lucas bebericava a bebida, sem tirar os olhos de mim um segundo sequer.

Era mais que um simples incentivo incrustrado em suas turquesas.

Era desejo.

Era fogo.

Era paix...

Essa é pra você, mocinho!

Deslizando o corpo para um lado e outro, comecei a subir no pole dance, lentamente.
Quando estava no topo, estiquei bem as pernas e fui voltando para baixo.
O som foi ganhando mais ritmo, meu corpo também.

Tirei o chapéu e joguei.

Lucas agarrou e colocou em sua cabeça, então piscou para mim.

Rebolando, fui até o chão, e de um jeito meio escandaloso, me deitei.

Pernas para cima, corpo inclinado, sorriso no rosto e respiração ofegante.

Esse foi o final do meu grande show.

               
Depois de trocar de roupa, tirar a maquiagem e voltar a ser a Larah que cursou direito e seguiria o sonho de seu pai, me sentei ao lado de Lucas, atrás do balcão, e voltei a beber.

Eu me sentia completa. Realizada.

Até dei alguns autógrafos para o pessoal que me assistiu.

“Você é uma estrela, bambina.”

É, Madá. Eu sou mesmo.

  — Você viu a hora que eu rebolei?— Perguntei, entusiasmada. — E a parte do poli dance?

O Noivo Sumiu - em busca de respostasOnde histórias criam vida. Descubra agora