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Enquanto Lucas dirigia, eu permanecia nervosa, agitada, apreensiva até.

  — Ei, vai dar tudo certo.

Não, não vai. Você irá voltar para os braços de Verônica e eu retornarei para meu quarto, onde chorarei por sua causa, como faço todas as noites.

Respirei bem fundo e soltei um suspiro pesaroso, a cabeça encostada na janela.

  — Como estão as coisas? — Ele perguntou com certa ansiedade.

  — Nada a reclamar — menti.

  — Você está bem não tá?

  — Estou — menti outra vez. — E você? Se resolveu com Verônica?

  — Sim. Ajustamos nossos ponteiros.

  — Que bom — que merda.

  — Estive lembrando da nossa viagem maluca. Apesar de tudo, eu não consigo me arrepender de nada.

— Nem do bombom?

  — Principalmente do bombom. Porque, se eu não tivesse comido, teria sido você.

  — Então é sua vida pela minha?

  — Sim. E vai ser sempre assim. Mesmo que a gente siga caminhos diferentes, eu vou, acima de tudo, pensar na sua felicidade primeiro, afinal, ela é a minha também.

  — Porque eu sou a única amiga que você conseguiu manter por mais de vinte e quatro horas? — Brinquei, soltando o pingente.

O trânsito tinha fechado.

Lucas olhou para mim, as turquesas faiscando de sentimentos lindos e puros que eu jurei já ter visto antes.

  — Você não é uma única amiga — assegurou. —  Você é única, mocinha.

Me aproximei dele.

Ele se aproximou de mim.

O trânsito abriu-se, interrompendo nosso possível beijo. O que foi bom, porque eu iria ficar com um cara comprometido.

Agora eu entendia as recusas de Lucas em me beijar, devido meu noivado — anterior — com Ricardo.

Pois quando traímos alguém, estamos traindo a nós mesmos. Os nossos princípios. As nossas crenças. A oportunidade de viver algo saudável.

Eu não me submeteria a fazer parte de uma traição, ainda que isso significasse matar um tiquinho da saudade do amor da minha vida.

Trair é uma escolha, não um deslize do tipo: comer chocolate estando de dieta ou exceder o cartão de crédito porque um blush da Huda entrou na promoção.

  — Está pronta? — Lucas perguntou, tão logo embicou o carro em frente à academia de dança.

Respirei fundo.

  — Nenhum pouco.

Ele sorriu, aquele tipo de sorriso charmoso, sossegado e sexy pra caramba. E eu quase mandei meu discurso filosófico para o ralo, pois queria muito e muito e muito sentir o gosto do seu beijo outra vez.

  — A Larah que me sequestrou, roubou um vestido, escalou um muro pra fugir de um guarda e suportou uma tatuagem sem nem reclamar está com medo?

Eu ri.

  — Te sequestrei porque queria encontrar respostas. Roubei um vestido pra recuperarmos seu carro. Escalei um muro porque não queria ser pega. E a tatuagem não conta, nem doeu.

  — Era uma agulha enorme — ele argumentou e eu ri novamente.

  — Deixa de ser medroso.

  — Não sou medroso.

O Noivo Sumiu - em busca de respostasOnde histórias criam vida. Descubra agora