Comemoramos num parque de diversões, rindo e conversando muito.
Mesmo com esse tempo sem vê-lo, nada mudou. Lucas era como aquela pessoa que amamos muito e fica um período distante, mas quando volta, percebemos a imensidão da falta que fez, ao mesmo tempo em que temos a sensação de que ela nunca foi embora um dia.
Depois de sairmos dos carrinhos de bate-bate, fomos para uma barraquinha, que vendia algodão-doce.
Lucas comprou dois e nós caminhamos pelo lugar.
Ventinho fresco, comida, céu estrelado e o amor da minha vida comigo.
O que mais eu queria ter?
— Como conseguiu achar o concurso da No Ritmo?
— Eu pesquisei. A propósito, comprei um celular novo.
— Ah — lamentei —, vou sentir saudade do tijolão.
Lucas riu.
— Sempre que eu te ligar, vai ser através dele.
— Você vai me ligar?
— Só se você quiser. — e piscou para mim.
Já ia responder que sim. Que eu queria que ele me ligasse, a qualquer hora, todos os dias se possível, quando uma moça apareceu nos entregando dois convites para um Stand Up de Hudolf, um humorista bem conhecido na cidade.
— Quem entregou esse convite? — Indaguei para a garota.
— É cortesia da casa — explicou.
— Vamos, Larah. — Lucas chamou. — Em todo caso, não se questiona presente.
Mas eu questionava.
Depois do bombom envenenado, eu questionava e desconfiava de tudo.
Relutante, acabei aceitando.Queria agarrar minha correntinha, mas não agarrei. Ao invés disso segurei bem forte a mão de Lucas, porque, lá no fundo, eu sabia que tinha alguma coisa de errado.
Eu só não sabia ainda o quê.
***
— Eu gosto dessa piada que vou contar, então riam nem que seja por pena. Mas Hudolf, você não se incomoda de rirem por piedade? Irmão, a plateia pagou trinta conto em cada ingresso. Eles podem rir até de cabeça pra baixo se quiserem. A propósito, tem alguém aí de cabeça pra baixo?Todos riram, inclusive nós.
— Ele é bom — Lucas elogiou e eu aquiesci, mais relaxada.
Devia ser bobagem minha. Talvez eu estivesse paranoica com tudo que tinha acontecido, meio traumatizada.
Desopila, Larah. Desopila.
Depois da piada contada, que era muito engraçada — e imoral —, Hudolf começou a passear pela plateia, em busca de alguém que contasse algo divertido.
Um rapaz bem familiar, sentado na fileira do meio, levantou a mão.
— Como se chama, meu camarada?
— Eduardo.
Meu coração bateu forte dentro do peito, e toda minha alegria se dissipou.
— Aconteceu algo?
— N-não.
— Está segurando o pingente.
— Só nervosismo. Vamos sair?
— Então você tem uma piada, mas acha que nem todos compreenderão?
— Não é tão engraçada assim, mas é real. Tudo aquilo que é real se torna mais interessante, não acha?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Noivo Sumiu - em busca de respostas
Romance.."Larah está feliz da vida. Depois de tantos altos e baixos em seu relacionamento com Ricardo Albuquerque - seu namorado de longa data -, as coisas finalmente parecem se ajeitar assim que ele a pede em casamento. Ela está tão perdida em seus sonhos...