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Na van tinham dois homens fortes e uma mulher de cabelos curtos, todos vestidos com roupas escuras, cheios de piercings e tatuagens.

Puro Rock in Roll na veia.

A batida que tocava no som era muito boa, e eles pareciam bastante legais. Atendiam pelos apelidos de Trovão — o motorista —, Sol — a mulher que estava no banco de passageiro —, e Raio — o mais fortão, barbudo, que ocupava o assento de trás, junto comigo.

  — Tem um microônibus nos seguindo — Sol apontou, olhando pelo retrovisor.

Me virei para trás e encontrei um veículo amarelo, vindo em nossa direção. Trovão pisou no freio e eu bati a cabeça na janela.

  — Caralho, pisa mais! Que adrenalina boa! — Exclamou Raio, cheio de empolgação.

  — Não pisa não — implorei, grudada no meu pingente.

  — Calma, gata — disse Sol —, Trovão já foi piloto de fuga antes de ser preso.

  — E que crime você cometeu? — Perguntei, amedrontada.

  — Matei um cara — respondeu ele, calmamente.

Onde eu me meti?

  — Assim você assusta a garota — Raio repreendeu. — E o maldito ônibus ainda tá atrás de nós. Mais rápido.

  — Por que você o matou? — Eu quis saber, aflita.

  — Ele agrediu Sol. Era seu companheiro.— Contou, melancólico. — Tentou matá-la diversas vezes. Acionamos a polícia, mas nada resolvia. As ameaças não paravam. E pra não ver minha irmã morta, tive que agir.

  — Entendo — falei, abandonando o pingente —, se acontecesse isso comigo, meu irmão faria o mesmo. Você fez o que era preciso.

O microônibus aumentou a velocidade e Trovão foi fazendo ultrapassagens bem arriscadas que, nem eu, uma barbeira nata, faria.

  — Que cretinos! — Sol esbravejou. — Mais rápido, mano.

Me segurei numa alça que pendia do teto.

   — Eu não posso morreeer! — Gritei, em pânico. — Eu nem paguei tudo que devo. Meu nome vai pro Seraaaaasa!

Caramba, eu ia morrer endividada!

Trovão dirigia a 180 Km, tive a impressão de que o microônibus também estava nessa faixa, ou até mais. Mas conseguimos, depois de um tempo, deixá-lo para trás.

— Quem vocês pensam que são, hein, panacas? — Gritou Trovão, presunçoso.

Mas pensa que desistiram?

Depois de muita confusão, ultrapassagens malucas e uma velocidade super exagerada, o veículo nos fechou.

Foi uma bagunça, os carros ficaram parados, todos atravessados pela estrada.

Aí a porta do bendito ônibus se abriu.

E Lucas desceu.

Veio, desesperado, até a van. Bateu na janela onde eu estava, todo agoniado, e eu baixei o vidro.

  — Desça dessa porra de carro, Larah — ordenou, assustado.

Nunca o tinha visto assim, com tanto medo.

Suas turquesas cintilavam, úmidas, e se eu ainda acreditasse em unicórnios, juraria que ele havia chorado.

  — Não — teimei —, eu e meus amigos iremos juntos pra passeata!

O Noivo Sumiu - em busca de respostasOnde histórias criam vida. Descubra agora