O Noivo Sumiu - em busca de respostas

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Lucas tinha mentido para mim. Nunca havia sentido nada. Era só uma farsa, das boas para ser sincera.

Eu não parava de chorar, meus olhos estavam inchados, meu peito doía e meu coração se encolhia de dor ao passo que eu permanecia deitada, em posição fetal.
Algumas coisas não faziam sentido.

Nos conhecemos numa boate, antes de Ricardo sumir, Lucas não tinha motivos para bancar o detetive ou coisa do tipo.
No elevador, quando ficamos presos, ele quase me beijou.

Me convidou para um almoço.
E me deu carona, quando eu chorava naquela praça, quando eu me perguntando o motivo de ter sido abandonada às vésperas do casamento.

Lucas cuidou de mim, diversas e diversas vezes.

E me beijou, como se eu fosse mesmo uma joia preciosa e rara.

Incentivou meus sonhos.

Acreditou em meu potencial, quando nem eu sequer acreditei.

E me ofereceu seu ombro amigo, em todos os momentos que eu precisei.

Foi mesmo tudo encenação?

Se foi, eu só saberia ouvindo-o.

Sei que posso parecer trouxa, mas se eu já ouvi explicações descabidas de Ricardo em incontáveis situações, por que eu não escutaria o que Lucas tinha para me dizer?

Saltei da cama e voltei para seu quarto.

Ele estava sentado, olhando fixamente para uma fotografia em sua câmera profissional.
Chegando mais perto, vi que era eu, na foto que tirou, antes de encontrarmos a bendita Passeata.

  — Oi — Lucas disse, guardando sem jeito a câmera, e olhando para mim.

Seus olhos estavam vermelhos também.

Ele tinha chorado ou puxado um baseado?

  — Vim te ouvir. Quero saber da verdade. E sem enrolação, Lucas.

Ele assentiu.

  — Por onde quer que eu comece?

  — Seu nome.

  — Larah...

  — Seu nome — repeti, firme.

  — Lucas. Lucas Sartóri.

Me virei de costas, ainda não conseguia encará-lo tamanha decepção.

  — É um detetive? — Perguntei num tom frio.

  — Não. Sou mesmo fotógrafo.

  — E qual é a relação com minha família?

  — Sou amigo do Gustavo. Estive em sua casa, no dia em que te vi dançar no quiosque. Almocei por lá.

O amigo de Guga que Madá mencionou. O dono da loja que  tia Lena comprou o vestido.

Era ele. O tempo todo era ele.

  — Quando você e meu irmão se conheceram?

Então Lucas contou.

Foi ano retrasado, numa viagem à Itália. Guga tinha ido se especializar por lá e os dois acabaram dividindo um apartamento e se deram muito bem.

Quando voltou ao Brasil, esse ano, Lucas entrou em contato. Foi em minha casa, ouviu sobre mim, até o convidaram para meu casamento.

Como na época eu tinha feito mudança, não havia nenhuma foto minha lá. Lucas só me conhecia por nome — e apelidos.