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— Estamos próximos à praia do Bob — Lucas comentou —, tá muito perto de encontrar seu noivo?

  — Se tudo der certo — respondi, atenta à direção —, amanhã de manhã chegaremos lá. Pela tarde, se caso pararmos pra dormir.

   — Acho que deveríamos parar — ele opinou —, dormimos aqui no carro mesmo, descansamos um pouco. O que você acha?

  — Por mim tudo bem. Não sou muito confiável dirigindo, perdendo noite então...

Lucas riu.

— Você já foi lá? — Perguntou. — Na praia do Bob?

  — Claro — menti —, todo mundo já esteve nessa praia. E você? Vai com muita frequência?

  — Ia. Estive fora por um tempo. Mas ano passadomeus amigos fizeram um luau por lá. Foi memorável.

  — Você gosta disso, né?

  — De quê exatamente?

— Baladas, festas, essas coisas — expliquei.

  — Gosto — respondeu sem hesitar, algo em mim murchou —, mas também tenho meus momentos de sossego.

Assenti.

Fui dirigindo calmamente, deixando a batida agitada de Maroon Five invadir meus tímpanos, quandoalgo aconteceu.

De soslaio, reparei que Lucas se aproximava de mim, bem lentamente.

Meu coração bateu rápido, inquieto. Minhas mãos suaram — e eu queria muito agarrar meu pingente —, borboletas dançaram em meu estômago, causando aquele reboliço costumeiro sempre que Lucas estava por perto.

E tão perto.

Ele foi se aproximando, e se aproximando, e se aproximando...

Ah, céus, Lucas iria me beijar?

Ai, meu Deus, ele iria me beijar!

Olhei em seus olhos, aturdida, mas franzi o cenho quando vi sua mão erguida em minha direção.

— Tem uma barata em seu cabelo — explicou, calmamente.

Uma barata?

Foi aí que tudo desandou.

De novo.

Gritei, horrorizada, e tirei as mãos do volante, me sacudindo toda.

— LARAH, SEGURA O VOLANTE! SEGURA O VOLANTE! — Lucas ordenou, em completo desespero.

Sem me dar conta, pisei no acelerador.

— Puta que pariu, Larah, não pisa no acelerador! Não pisa no acelerador!

— TIRA ESSA COISA DE MIM, TIRA ESSA COISA DE MIM! — Eu gritava feito doida.

O carro foi ziguezagueando pela pista, mas Lucas agiu depressa. Puxou o volante e jogou o veículo para o acostamento.

Ouvimos um barulho de algo murchando. E então o pneu furou.

   — A gente quase morre —Lucas constatou— pela segunda vez. Se eu ficasse do seu lado por uma semana, eu tenho certeza que acabaria parando no hospital.

  — Engraçadinho — resmunguei —, dessa vez a culpa não foi minha. Eu tenho pavor à barata. Por falar nela, você tem certeza que ela já foi embora?

  — Não. Ela ainda tá no seu cabelo.

Me sacudi novamente, agitada.

   — TIRA ISSO DE MIM, PELO AMOR DE DEUS! — Implorei  e Lucas gargalhou.

O Noivo Sumiu - em busca de respostasOnde histórias criam vida. Descubra agora