O Noivo Sumiu - em busca de respostas

32

Se Lucas tivesse me beijado, talvez estivéssemos agora deitados nus, entrelaçados, depois de termos ido para a cama de um jeito desesperado, aflito e urgente.

Mas isso não aconteceu, pois quando estávamos quase nos beijando, seu Francisco apareceu e todo o momento perfeito foi dissipado como poeira mágica.
Nos afastamos, envergonhados, e Lucas foi ajudá-lo com as compras.

Eu ainda fiz minha parte, avisei, de um jeito sugestivo, que estaria aqui em meu quarto.
A chuva foi embora, e Lucas não apareceu. Para passar o tempo, peguei minha listinha de desejos e fui atualizando-a.

Mas quando anoiteceu, eu desci.

Encontrei-o no bosque, sentado no banco de madeira, com uma garrafa de vinho nas mãos.

Me sentei ao seu lado, em silêncio.

— Eu fui casado — foi logo dizendo —, por malditos dois anos.

Engoli em seco. Nunca passou pela minha cabeça que Lucas tinha firmado um compromisso tão sério assim.

  — Estava num desfile, fotografando modelos, quando a conheci — prosseguiu, tomando um gole da bebida. — Ela sempre foi muito linda, sensual. Tinha todos os homens aos seus pés, ela gostava disso, desse jogo. Eu fiquei doido, do jeito que Verônica adorava.

Uma pausa. Mais um gole.

  — Se te faz mal contar, Lucas, não conte.

  — Eu preciso — afirmou, olhando para mim —, eu preciso que me entenda.

  — Prossiga então — pedi.

  — Eu sempre quis compromisso, fui criado para isso, para encontrar a mulher certa, casar, ter filhos e construir uma família bacana, era esse o plano. Verônica era o oposto, eu não sinto raiva dela por isso, mas nossos ponteiros não se ajustavam. Sempre fomos diferentes, nossa relação não era estável, boa como as demais. Tinha sempre uma briga, uma desavença, uma traição.

  — Você a traiu? — Perguntei, e meu estômago embrulhou.

  — Nunca — garantiu. — Ela sim. Eu estava cego, beirava à loucura aquele sentimento. Nunca fui feliz de verdade, nunca me senti seguro de verdade. Minha família sempre me deu conselhos, meus amigos por fim desistiram. Ela me manipulou, até engravidar de outro.

  — A história que você contou no carro — lembrei.— Era você?

  — Era. — E sorriu, irônico, sorvendo mais um gole de vinho. — Que grande trouxa eu fui, não?

  — Você não foi trouxa — eu o confortei —, você é um homem bom, Lucas. Raro de se encontrar.

Suas turquesas reluziram, em sinal de agradecimento.

  — Eu quero você, Larah. Mas eu quero do jeito certo.

  — Eu não quero mais me machucar — confessei.

  — Me dói só de cogitar essa hipótese.

Um breve silêncio se fez entre nós.

  — Eu fui criado por uma mulher foda — continuou —, que bancou a casa sozinha porque um babaca não teve a hombridade de assumir um compromisso tão forte.

  — Eu sinto muito.

  — Eu não quero ser como ele. Tentei ao máximo nunca ser como ele. Fazer tudo do jeito certo.

  — Você amou a Verônica?

  — Não. Não foi amor. Mas eu vim entender isso depois. Estamos em processo de separação agora, só que ela não aceita. Quer voltar.