— Larah, abaixa essa arma — Lucas pediu cauteloso —, vamos conversar.
— Não dá — respondi, girando a chave e arrancando o carro para longe do posto de gasolina.
Eu era uma motorista inexperiente, e, admito, um pouco avoada, então tratei de me concentrar totalmente na direção.
Finalmente usaria as técnicas e conselhos que recebi no curto período de autoescola, antes de eu estragar tudo só para variar.
Mas dessa vez seria diferente e com um pouco de sorte, eu chegaria viva até o sul do litoral.
— Então é isso? — ele perguntou perplexo. — Você está mesmo roubando meu carro?
Fiz uma curva meio maluca, tomando o caminho de volta.— É por aí — respondi. — Mas não se preocupe, eu te deixo lá na pracinha que a gente se encontrou e você, sei lá, arranja um jeito de voltar pro apartamento.
— De jeito nenhum! — Ele protestou. — Eu vou ligar para a polícia, isso sim!
Freei.
Fui jogada para frente de maneira nada lisonjeira, a cabeça bateu de leve no volante e a arma ameaçou escapulir da minha mão, apertei-a com mais firmeza.
— E vai ser morto antes de completar a chamada — ameacei apontando-a outra vez em sua direção.
Lucas olhou para mim, embasbacado e de queixo caído. Uma faísca de decepção cruzou seu rosto e alojou-se em suas turquesas. Lentamente ele guardou o celular no bolso e levantou as mãos, rendido.
— Nada de polícia. — Assegurou. — Eu te levo para casa, chamo seus pais e eles te dão um ansiolítico, o que acha?
Rá!
— E eu tenho cara de quem precisa de um calmante por acaso?! — perguntei ofendida.
— Pra ser sincero...
— E o último lugar que eu quero ir é ir pra casa! — exclamei, interrompendo-o.
Eu já sabia da sua resposta mesmo.
— E precisa do meu carro para...? — arqueou uma sobrancelha.
— Sair da cidade — falei voltando a olhar para a pista.
— Você é uma fugitiva? — deu para sentir o horror em sua pergunta. Fiz que não com a cabeça e estacionei de maneira meio tosca o carro em frente à praça.
Lucas havia gastado trinta minutos de lá até o posto de gasolina, eu gastei quinze no trajeto de volta.
Sorri vitoriosa.
— Larah, por que está fazendo isso? — Ele quis saber.
Eu me virei para encará-lo, havia tanta coisa em seu olhar — tristeza, medo, curiosidade —, que tive de clarear a garganta diversas vezes para não desistir. Eu não ia desistir.
— Também tô procurando uma pessoa — contei. — Em dois dias eu devolvo seu carro, Lucas. Agora colabora comigo e desce.
— Não — ele respondeu de peito estufado —, eu não vou descer.
— Qual é, Lucas? Isso é um assalto — reclamei —, dá pra descer e me deixar roubar seu carro em paz?
— Eu não vou deixar você roubar meu carro — teimou. — Se quer me matar, me mate, Larah, mas eu não vou descer.
Bufei.
— E eu não vou deixar que você atrapalhe meus planos — rebati, ligando a ignição — Tô te dando a chance de sair dessa, Lucas, mas se quer ficar, então fique.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Noivo Sumiu - em busca de respostas
Romance.."Larah está feliz da vida. Depois de tantos altos e baixos em seu relacionamento com Ricardo Albuquerque - seu namorado de longa data -, as coisas finalmente parecem se ajeitar assim que ele a pede em casamento. Ela está tão perdida em seus sonhos...