24

14 4 0
                                    

Um portão se abriu e nós fomos recebidos por um senhor magro, de bigode e cabelos brancos, que veio, todo feliz, em nossa direção.

Fiquei com vergonha da minha aparência. O vestido branco já não era tão branco assim, e minha maquiagem não estava mais intacta também.

Isso sem falar dos cabelos; totalmente embaraçados.

  — Boa tarde — saudou Lucas, carregando minha bolsa e sua inseparável mochila. — Viemos nos hospedar por aqui.

Ele não deveria ser tão prestativo assim, desse jeito ficaria bastante difícil lhe dizer adeus.

Por que eu teria que dizer, não é?

  — Boa tarde, meus jovens. Estão com sorte, nós só hospedamos duas pessoas, às vezes até mais, para manter a privacidade, se é que me entendem?

Oh, eu acho que entendi.

  — Não ficaremos muito — eu disse e me virei para Lucas —, uma hora talvez...?

  — Duas — ele respondeu —, dá pra fazer tudo que é necessário.

  — A moça tem sorte. Tem homem que não aguenta nem duas músicas — e cutucou Lucas, que ruborizou.

De que diabos seu Francisco estava falando?

  — Venham — ele se apressou, pegando nossas bagagens. — Oferecemos refeição depois de... Bem, vocês sabem.

Acho que entendi de novo.

Em seguida, ele nos apresentou todo o lugar.

A hospedagem era linda, com canteiros de rosas, árvores bem podadas, horta verdinha... Sem me dar conta, já estava em frente a um bosque, cheio de arcos florais e um banco de madeira, que formava o símbolo do infinito.

  — Que lindo! — Exclamei, encantada.

  — Meu falecido pai quem fez. Para os casais apaixonados. Vocês podem vir aqui mais tarde.

  — Não somos um casal — Lucas falou, seu tom de voz pareceu triste —, eu sou solteiro.

  — E eu sou noiva.

Talvez não por muito tempo...

  — Certo. O quarto de vocês fica à esquerda, depois da escada.

  — Queremos quarto separados — disse Lucas.

  — É — concordei por puro orgulho —, ele ronca.

Lucas riu e seu Francisco coçou a cabeça, confuso, mas seguiu em frente, nos levando para dentro da enorme casa.

Uma mulher de cabelos curtos e vermelhos sorriu para a gente, antes que dissesse qualquer coisa, o senhor logo contou que não dormiríamos juntos. Que Lucas era solteiro. E eu; noiva.

A  senhora  ficou surpresa, contudo se recompôs e estendeu a mão para nós.

  — Sou Charlotte. Mas podem me chamar de Charlie. Fiquem à vontade.

Depois dos cumprimentos, fomos guiados até os quartos. O meu ficava de frente para o de Lucas.

  — Até daqui a pouco, mocinho — falei, abrindo a porta.

  — Até daqui a pouco, mocinha — e entrou logo depois.

O quarto era bastante confortável, tinha uma cama enorme, e ao lado, no criado-mudo, encontrei um telefone fixo e um bilhete.

Peguei para ler, estava escrito:

“Ligações restritas apenas para os quartos de hóspedes.”

No banheiro, encontrei shampoo, condicionador, itens de higiene bucal e sabonete, todos bem lacrados. Tomei um bom, demorado e delicioso banho, mas, como não trazia nenhuma roupa, tive que usar novamente o vestido que um dia foi branco e limpo.

Me deitei, estava exausta, sendo assim, acabei pegando no sono rapidinho.

Eu estava vestida de noiva, com os braços dados a papai, adentrando à igreja quando o avistei. De pé, em cima do altar, enfiado num terno preto, lá estava ele, olhando  para mim daquele jeito que ninguém mais olhava.

Suas turquesas reluziam de amor, um sorriso alargou-se em seu rosto, as covinhas afundaram em suas bochechas, e meu coração bateu feito um maluco à medida que Lucas segurou em minha mão.

  — Eu estou em seu destino, Larah? — ele perguntou, ansioso.

  — Eu acho que você é ele, Lucas.

O Noivo Sumiu - em busca de respostasOnde histórias criam vida. Descubra agora