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Catarina, filha de dona Charlotte e seu Francisco, veio pela manhã, com uma sacola de produtos íntimos e seu bebê lindo e fofo chamado Bernardo.

Lucas se encantou por ele.

Ficou o almoço inteiro aperreando-o, tirando seu boné e bagunçando seus cabelinhos pretos.

Bê ria alto, e se jogava para ele, todo divertido.

  — Seu namorado conquistou meu filho — ela comentou, depois do almoço, quando eu ajudava na louça suja.

  — Nós não somos um casal.

  — Têm tudo pra ser.

Olhei para sala.

Ele estava segurando Bernardo, todo amoroso, e, ao me ver, sorriu para mim.

Suas covinhas surgiram, deixando meu rosto afogueado, meu coração afoito e um reboliço bom e costumeiro em meu estômago.

Oi, borboletas. Podem dançar à vontade. Lucas faz esse estrago em mim mesmo.

  — Seria bom se fosse — admiti —, mas há muita coisa pra se resolver ainda.

  — Então resolva — aconselhou. — Minha mãe me contou por alto que você é noiva. Romper nunca é fácil, Larah.

  — Não, não é.

  — Eu e meu ex-marido, pai do Bê, estamos enfrentando um processo de separação insuportável. Nem pagar pensão ele quer — contou.

  — Por que não deu certo?

  — Já sentiu que estava tão presa a alguém que deixou de ser você mesma?

  — Já — respondi, enxugando uma colher. — Por seis anos.

  — E como fez para se reencontrar?

Sorri.

  — Eu me apaixonei por Lucas.

Já era de tardezinha, nossas malas já estavam todas prontas. Ao abrir minha bolsa, avistei o bombom — ainda intacto — que Edu me deu.

Guardei-o dentro da latinha, com os demais chocolates, e desci, pronta para descobrir tudo.

Catarina e Bernardo já tinham ido embora, Lucas me esperava no carro, logo depois de termos acertado a conta da hospedagem.

Eu andava em sua direção, um aperto no peito ameaçava me sufocar.

Agarrei em meu pingente com força e puxei diversas vezes o ar.

— Ei, que foi? — Ele quis saber, preocupado.

Lágrimas rolaram e eu cambaleei. Mãos fortes me ampararam, me impedindo de cair.

  — Me diz que eles não estão juntos — implorei, agarrada à camiseta de Lucas. — Que eu não vou chegar à essa casa e ver Ricardo e minha melhor amiga como um casal. Me diz que é mentira, por favor.

Lucas me abraçou, apertado.

  — Me diz que minha melhor amiga, a mulher que eu considerei esse tempo todo como uma irmã, não enfiou uma faca em minhas costas desse jeito — supliquei. — Me diz, Lucas.

  — Não posso garantir isso — ele disse baixinho, e acariciou meus cabelos, carinhoso. — Mas há algo que ainda podemos fazer pra esquecer essa merda toda.

  — O quê? — Indaguei, erguendo o rosto.

   — Você precisa encerrar alguns ciclos, me deixa te ajudar com um. Me deixa realizar seus desejos.

  — Desejos?

  — Sua listinha — explicou —, vamos completá-la. Aí depois, só então, iremos atrás do seu noivo.

  — Você não desiste de tentar me levar pra cama — brinquei, ele riu.

  — Eu sinto te desapontar, mas esse é o único desejo que não realizaremos. Não agora.

  — Que amigo péssimo você é — e tornei a abraçá-lo. — Obrigada.

  — Isso é um sim, mocinha? — Quis saber, cheio de expectativa.

  — Isso é um sim, mocinho — afirmei.

O Noivo Sumiu - em busca de respostasOnde histórias criam vida. Descubra agora