Lucas estava sentado na beirada do penhasco, pensativo. Mancando — pois o pé ainda me incomodava um pouco e eu me recusei a andar descalça — fui até ele, sentando-me ao seu lado.
Abracei meu corpo por conta do frio. O sobretudo havia ficado no carro.
— O que tá fazendo aqui? — Perguntei.
— Não curto lugares fechados, mocinha — ele respondeu, calmo. —Vim registrar algumas fotos. A lua está perfeita. Olha!
Eu olhei.
Estava tudo muito lindo mesmo, o céu repleto de estrelas, a lua mesclada em tons claros e alaranjados, nuvens se dissipando sob o véu escuro.
O cenário ideal para fotografar.
Lucas focou sua câmera profissional no céu e um flash foi disparado.
Então ele sorriu, e as duas covinhas se afundaram nas bochechas, fazendo meu coração martelar contra o peito.
Eu quero você, Lucas.
Ele me mostrou a fotografia e eu larguei o pingente, agora relaxada.
— Está perfeita — elogiei, sincera.
— Pra ser um bom fotógrafo é preciso captar o momento certo.
Lucas tirou mais algumas fotografias, e, empolgado, me mostrava todas elas.
Ficaram lindas, e, pra mim, ganharam um significado especial por terem sido captadas sob o olhar dele.
— E você — ele disse —, por que acordou tão rápido?
Me lembrei da lenda do Bob e tornei a agarrar meu pingente, movendo-o de um lado para o outro.
— Insônia — não era total mentira.
— O que está te incomodando, Larah? — Quis saber, todo preocupado e sério.
— Como assim?
— Está segurando a correntinha — apontou. — Como fez quando, lá na boate, eu perguntei sobre seu namorado. Como faz em todas as vezes que se sente nervosa ou acuada.
Fiquei surpresa. Ninguém nunca tinha reparado nessa minha mania antes.
— É, eu presto atenção em você.
Assenti, comovida.
— Eu estava com medo — contei — da lenda. É uma história bem negativa, sabe? Totalmente diferente das que leio. Fiquei achando que o espírito do Bob ia entrar na barraca a qualquer momento. Decidi me levantar.
— Eu entendo. Mas ninguém nunca provou se a lenda tem fundamento. Ei, quer que eu te conte uma história boa?
Sorri.
— Vai me colocar pra dormir? — Brinquei.
— Se for preciso, pra te acalmar, vou sim. Tá a fim de ouvir?
— Eu agradeço, mas você não tem cara de quem sabe contar histórias românticas e com finais felizes.
— Eu sei sim — defendeu-se —, tenho uma que é inédita. Bem diferente das que você conhece. Viraria um best-seller a propósito.
Gargalhei.
— Eu passo. Valeu, Lucas.
— Não confia no meu talento? — Fingiu indignação.
Segurei em meu pingente outra vez e desviei o olhar, fixando-o no mar azul e calmo.
— Não é isso. É que... A última vez que papai me contou histórias para eu dormir foi quando mamãe morreu. Quando veio a grande dor.
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O Noivo Sumiu - em busca de respostas
Romance.."Larah está feliz da vida. Depois de tantos altos e baixos em seu relacionamento com Ricardo Albuquerque - seu namorado de longa data -, as coisas finalmente parecem se ajeitar assim que ele a pede em casamento. Ela está tão perdida em seus sonhos...