Prólogo

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~Narrador On~

Foi naquela noite que a vida de Beatrice virou de cabeça para baixo.

Em uma bela noite, no dia de seu aniversário de onze anos, Beatrice e sua família estavam jantando a luz de velas, pois a energia da casa tinha acabado. Mesmo sem luz em sua casa, Beatrice continuava entusiasmada com esse jantar. Sua mãe, Oren Bevan, tinha preparado seu prato favorito – macarrão com almôndegas.

— Eu amo vocês. — Beatrice disse.

— Também te amamos, meu amor. — Seu pai, Anders Bevan, disse.

— Já pode até engravidar! — Lyndice Bevan, sua meia irmã mais nova de nove anos, disse.

— Credo, Lyndice!

Estava tudo ocorrendo bem, até que todos ouvem um barulho muito estranho vindo do lado de fora.

— O que foi isso? — Lyndice perguntou.

— Eu também ouvi. — Beatrice disse.

— Eu vou lá fora ver. — O pai de Beatrice disse.

Ele levantou da cadeira e foi ver da onde vinha aquele barulho.

Beatrice olhou para sua mãe, que parecia nervosa.

Alguns segundos depois, um estrondo é ouvido, e a mãe de Beatrice logo entendeu o que houve: A porta foi arrombada.

— Fiquem aí! — Oren gritou e saiu da cozinha, com uma faca em sua mão direita.

Oren avista uma luz. Uma luz muito forte vindo da sala.

E ela percebe de onde vinha aquela luz.
Um Eletric - ela pensou.

— Mãe? — Beatrice aparece ao lado da mãe.

— Volte pra lá, Beatrice!! — Oren ordenou, tremendo de pavor.

As pernas de Oren falham e sua mão fraca acaba derrubando a faca quando ela presencia a pior cena da sua vida.

O Eletric torra Anders vivo lentamente, até que seus gritos de dor sumam definitivamente. Anders foi eletrocutado até a morte.

Oren cai de joelhos no chão e começa a chorar de desespero, vendo o corpo do seu marido caído no chão.

E ela logo se dá conta de que não foi a única que presenciou essa terrível cena. Beatrice também viu tudo.

- Fuja, Beatrice! Para a floresta! Fuja!! - Oren mandou, aos choros.

Beatrice demora alguns segundos para reagir, ainda paralisada por conta do que viu, com lágrimas confusas e desesperadas caindo em seu rosto.

— Beatrice! — Sua mãe a tira do transe.

E então, Beatrice corre.

Ela vai até a cozinha, a procura de sua irmã. Mas ela não estava mais lá.

— Não!! Por favor, não!! — Ela ouve a voz de sua mãe.

Quando Beatrice se vira, ela vê sua irmã sendo levada por um deles, com os olhos cheios de água. Ela tampa a boca para não gritar, em choque. Só tinha uma coisa a se fazer no momento.

— Me desculpa... — Beatrice sussurra e, tendo como sua última visão delas, sua mãe e sua irmã sendo arrastadas pelos Eletrics, ela corre para a floresta.

Ela correu o mais rápido possível, até estar totalmente longe da sua casa e fora de perigo.

A lua cheia brilhava no céu escuro daquela noite. Tudo que Beatrice pensava era em seu pai morrendo bem na sua frente e na sua mãe e sua irmã sendo arrastadas por aquelas terríveis pessoas. Como alguém com tanto poder podia ser tão mau?
Beatrice andava pela floresta escura e fria, em busca de algum lugar para passar a noite.

Ela tremia a cada barulho de folha ou coruja que ela ouvia. Enquanto ela andava, ela chorava mais e mais. Por que o mundo era tão injusto? – ela pensava.

Ela encontrou uma pequena caverna após andar muito, e decidiu ficar lá mesmo. Quando ela se deita no chão, percebe que está machucada. Sua coxa está arranhada e seu braço cortado. Mas como? Ela não sabia.

Sabendo que não tinha outra opção, ela rasga pedaços de sua roupa e usa para estocar o sangue de seus machucados.

— Ai! — A dor do seu corte piora.

E ela, tremendo de frio, cai no sono ali mesmo.

E foi assim que a vida de Beatrice nunca mais foi a mesma.

O Sangue do Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora