Cap 41

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Você venceu.

▪︎De noite▪︎

— Por que não simplesmente me esqueceu? — pergunto derrepente, sentada na cama do quarto de Kyle, com ele sentado de frente para mim, seus olhos se afundando em mim intensamente.

Ele abre um sorriso.

— Porque é impossível te esquecer, Ladrazinha. — sua mão desliza pela minha perna, me deixando tensa.

Eu odeio estar a mercê das pessoas.
Mas com Kyle, eu me esqueço de todos os anos que passei sendo orgulhosa e fria para sobreviver. Eu odeio admitir que me sinto bem ao seu lado. Ao lado de um chefe de gangue. Que ironia.

— Por que eu? Por que arriscar toda a sua gangue por mim? — pergunto, realmente querendo saber a resposta.

Eu estava preparada para sair daquele Palácio por conta própria. Por que ele arriscou tudo por mim? Por que ele me salvou?

Me lembro de quando Jay nos deu a notícia de que um dos Sanguinários tinha sido gravemente ferido no Palácio, correndo risco de morte. Por minha causa.
Será que Kyle se arrependeu pelo menos por um momento? Um Sanguinário da sua gangue literalmente está quase morrendo.
E cá está ele, flertando comigo. Isso é meio egoísta, não é?

— Por que você é uma de nós também. Protegemos uns aos outros. — ele me deita na cama, enquanto sobe em cima de mim. — E também porque você faz parte de mim. Você nunca mais vai estar sozinha.

— Mas um dos seus foi ferido por minha causa. — retruco.

Me lembro do dia em que ele me fez dizer em voz alta que eu não estava sozinha. Eu me senti de um jeito incrível naquele dia. Mas durou pouco. Minutos depois eu fui "envenenada" e levada para o Palácio. Sofri por dias presa em correntes, sozinha no escuro, esperando o dia da minha morte.

— Como soube o dia em que tudo ia acontecer? — continuo com as perguntas.

Eu preciso saber de tudo.

— Eu recebi uma mensagem anônima. — ele conta, seus olhos focados em mim. — A mensagem dizia o dia em que o Rei pretendia fazer tudo.

— Poderia ter sido uma armadilha. — suspiro.

— Mas eu não podia ignorá-la. Eu precisava arriscar. — sua mão percorre meu ferimento no braço, seu olhar distante e pensativo.

Foi uma decisão minha não usar o frasco de cura e me curar desse ferimento e de todos os outros. Eu queria me lembrar de tudo que eu passei. Uma lembrança de quanto eu sou forte.

Penso em Benjan. Será que tinha sido ele quem enviou a mensagem anônima? Ele era o único que tinha recursos o suficiente para isso – além de ser o único que faria isso.
Penso em quando descobri sobre seu poder. Quando ele me contou, imediatamente me senti... aliviada, como se um peso tivesse saído dos meus ombros. Eu senti que existia alguém que me entendia, alguém para compartilhar esse segredo – que não é mais segredo.
Mesmo eu ainda não confiando nele, não posso negar que ter ele como um aliado é uma ótima coisa.

Agora tudo fazia sentido. O modo como ele sempre quis me ajudar, como se me entendesse, tentando me proteger e sugerindo coisas estranhas que eu desconfiava. Ele é como eu.

— O jeito como você enfrentou o meu pai foi muito sexy, sabia? — Kyle comenta, seus olhos se desviando para os meus lábios. — Ninguém nunca fez isso. — ele bufa uma risada. — E meu pai é um completo idiota.

— Por que não me impediu? Seu pai poderia realmente ter se irritado comigo. — seguro a sua correntinha, a rodando em meu dedo indicador.

Mesmo que ele tivesse se irritado, não daria em nada. Eu sei muito bem me defender de homens como ele. Mas por que Kyle não me impediu?

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