Me chamo Lina.
Hesito, mas bato duas vezes na porta de Trent.
— Oi, Lina. — Ele diz, me olhando de cima a baixo e me convidando para entrar. — Você está uma gostosa!
O comentário me faz engolir em seco. Nunca vou me acostumar com isso.
— Eu acho que não precisamos de enrolação não é, Lina? — A frase junto à meu nome falso só me dá a certeza de que tudo isso é errado.
Mas o que eu posso fazer? Não tenho escolha.
Você pode morar comigo, Bea. Você pode evitar tudo isso. O convite de Blake paira em minha mente. Mesmo que eu queira que isso acabe, não é apenas a casa que está em jogo. Isso vai muito além de uma moradia.— Vem pra cama, Lina.
Vamos acabar com isso logo.
[...]
Depois de um tempo, saio da casa de Trent, descendo os degraus perante a sua porta.
O frio da noite me causa calafrios. O meu simples casaco é muito fino e não me esquenta nem um pouco.
Fico parada em frente a porta da sua casa, observando o céu estrelado dessa noite.— O céu realmente está lindo.
Olho para o lado e vejo aquele Eletric desgraçado vindo em minha direção. Droga. Estou sem arma nenhuma agora.
Mesmo vestindo um casaco preto com capu, eu reconheço ele.— Se afasta. — Dou dois passos para trás e vejo que estou sem saída, pois atrás de mim está a porta. Merda.
— Ah, qual é. Eu não vou te machucar, Ladrazinha.
— Não me chame assim.
— Então como devo chamá-la? — Ele inclina a cabeça para o lado.
— De nada. Eu quero distância de você.
As ruas estão desertas a essa hora e estamos sozinhos aqui. O pessoal dessa vila normalmente ficam em suas casas quando começa a ficar tarde.
Ele desvia o olhar para a porta atrás de mim.
— O que fazia dentro da casa desse homem? — Kyle pergunta.
Como ele sabe que a casa pertence a um homem? Ele conhece Trent? Como?
Abaixo o olhar, com vergonha. Minha situação é bem crítica.
Fecho o zíper da calça, que acabei deixando aberto sem nem perceber. Era só o que me faltava.
Kyle me estuda, passando os seus olhos por mim, e sua expressão muda na hora. Ele sabe.— Ele te... assediou? — Ele dá um passo em minha direção e seu semblante se torna de preocupação na mesma hora, como se ele realmente se preocupasse comigo.
— Não. — Respondo rápido até demais. Então, completo: — Ele não fez nada de que eu não estava consciente do ato.
Kyle fica extremamente quieto.
Resolvo olhar para ele e vejo seu cenho franzido e seu olhar semicerrado, como se não entendesse algo.— Meu Deus — Sutilmente, ele arregala os olhos. — Por que caralhos você está transando com esse homem? — Ele fala um pouco mais alto. — Você é maluca?!
Saio da frente da casa de Trent antes que Kyle grite e chame a atenção dele. Puxo ele para um canto.
— A minha vida não é da sua conta! — Esclareço, com os olhos ardendo. Não. Você não pode chorar na frente dele, Beatrice. Seria muito humilhante.
Ele para por um segundo.
Olho para suas mãos e vejo que estão cheias de eletricidade. Será que sua eletricidade fica mais forte quando ele está nervoso?
E por que caralhos ele estaria nervoso? Por que se importaria com isso?
Instintivamente, dou um passo para trás, me afastando dele. Eletrics são perigosos e nada amigáveis.
Ele se recupera por alguns segundos e respira fundo.
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O Sangue do Silêncio
FantasiaEssa é a história de uma garota que, ao completar 11 anos, é obrigada a deixar sua casa e sua família para trás, após um ataque surpresa de Eletrics, causando a morte de seu pai bem na sua frente. Sua mãe, antes de ser levada por um deles, pede que...