Cap 33

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Último desejo

~Beatrice On~

Fazem três dias que não vejo quase ninguém. Três dias na solitária. Três dias que Benjan não aparece de surpresa aqui. E três dias que não vejo Two.

A única pessoa que vi foi One, quando o chamei algumas vezes para ir ao banheiro, mas nenhum de nós dois disse uma palavra. Permanecemos em silêncio, enquanto eu o fuzilava com o olhar, louca para esmagar seu crânio na parede.
Depois de ser pega de surpresa por Two a três dias atrás, quando ele injetou a substância que contém meu poder em mim, eu decidi parar de tentar manipular todos e partir pro ataque. Se eles querem me ver arisca, eles vão me ver arisca.

Chega de bancar a boazinha, de fingir ser inocente. Eles finalmente vão conhecer Beatrice Bevan e não Lina Tawen - mas sem saberem disso.
Eles vão conhecer a garota que sobreviveu sozinha por anos, que aprendeu tudo que sabe sem ajuda de ninguém. A garota que nunca olhou para trás, que bateu de frente com diversos tipos de pessoas e nunca baixou a guarda. E por fim, a garota que descobriu que tem um poder mortal e que é temida por todos. Porra, eles vão me conhecer de verdade agora. Cansei de fingir.

A três dias atrás, quando acordei no meio da noite e percebi que tinha sido enganada, me deparei com uma muda de roupas emcima da cama que deixaram para mim. Eu optei por vesti-las, já que as minhas estavam sujas. Eu só não abri mão é da minha bota. Preciso dela para esconder coisas.

Fico atenta quando ouço um estalo e a tranca da porta de ferro se abre, revelando o corpo grande de Two.

Fico em silêncio, esperando ele entrar.
Me levanto da cama e dou um passo para frente quando ele caminha em minha direção, decidido, como se tivesse um objetivo e só pensasse nele.

— O que é isso? — questiono quando Two começa a tirar as minhas correntes.

— O Rei quer te ver. — ele só fala isso, sem nem olhar para mim.

— Onde está o outro? — pergunto de One.

— Dormindo.

Ótimo. Preciso sair daqui.

— Ei. Olhe para mim. — eu peço, soando dócil. — Por favor, olhe para mim.

Quando ele termina de soltar minhas correntes e, finalmente, me olha, sorrio.

— Senti sua falta. — sussurro, olhando em seus olhos e levantando a mão esquerda para tocar seu rosto.

Ele engole em seco.

— Sentiu? — ele pisca os olhos, surpreso.

Na mesma hora, fecho a mão direita e esmurro seu rosto com toda a minha força restante, fazendo ele cair de joelhos.

— Que merda é...

Eu o interrompo, socando sua cara novamente, fazendo ele arfar enquanto tenta se manter de joelhos. Repito o soco mais duas vezes.
Me preparo para sair correndo dali, mas ele me puxa pelas pernas, me arrastando de volta e me fazendo cair de quatro.

— Filho da...

Não termino a frase, apenas chuto sua cabeça com força, o derrubando de costas no chão. Me levanto na mesma hora, mas ele se força a fazer o mesmo, nós dois se encarando em uma batalha. Quem vai atacar agora?
Ele avança em minha direção, me segurando pelos braços com força, enquanto tento me soltar de seu agarre, me debatendo. Ele aperta as mãos ao redor dos meus braços, me deixando mais furiosa ainda por estar fraca.
Por extinto, dou uma joelhada em seu pau, fazendo ele afrouxar o agarre de mim e eu conseguir puxar um estilhaço de vidro do bolso. Sem hesitar, afundo o pedaço de vidro em seu pescoço, o girando em sua carne com força enquanto alguns gemidos saiem de sua boca. Quando a sangue começa a jorrar de sua pescoço, puxo o estilhaço e corro em direção a porta, sem pestanejar.

O Sangue do Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora