Cap 46

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Eu acho que não.

Sinto como se o meu coração fosse pular do meu peito.

— Você tem certeza, amor?

— Tenho. — subo na moto. — Vai dar tudo certo, relaxa.

Kyle sobe em sua moto, confiando totalmente em mim.
Ele bebe quase a água toda da sua garrafa, um gole atrás do outro. Afinal, a viagem vai ser longa.
E então, com cada um emcima de sua própria moto, aceleramos para longe do esconderijo. Pilotamos lado a lado, como se estivéssemos competindo. Meu Deus, como eu amo esse homem.

Kyle realmente é muito sexy quando está pilotando sua moto.

As vezes penso que não sou boa para ele. O que ele viu em mim?
Talvez eu não mereça ele.

Eu só tenho certeza de uma coisa: Kyle merece saber quem eu sou. E quanto antes, melhor.
E é por isso que irei mostrar a ele o lugar em que morei na minha infância.

Será que ele me amaria do mesmo jeito?

[...]

Depois de pilotarmos por muito, muito tempo, finalmente chegamos.

Ah, meu Deus.

O meu poder ameaça saltar para fora de mim, como se eu fosse explodir.

Quando vejo a minha antiga casa – na verdade, o que sobrou dela – tenho vontade de chorar. O que raios aconteceu aqui?

Lyndi tinha me dito que eles tinham queimado tudo. Eu não imaginava que ela estaria desse jeito.

— Que lugar é esse?

Desço da moto, sem conseguir desviar os olhos da minha antiga casa. Eles destruiram tudo.

— A minha antiga vida. — me forço a responder Kyle.

Observo os restos dela que sobraram. Minha casa sempre foi pequena e simples, mas eu a amava. Minha vida era boa aqui.

Até o dia em que eles foderam tudo.

Tento conter as lágrimas quando piso na minha casa pela primeira vez depois de seis anos. É claro que ela não está inteira. O telhado não existe mais, as paredes estão praticamente todas derrubadas e o piso parece cena de uma guerra que acabou mal. Tudo foi queimado. As portas de madeira deixaram de existir a muito tempo, junto dos móveis velhos que nós tínhamos.

Caminho pelo lugar, hesitando a todo momento. É muita coisa para digerir.
O chão range em meus pés, fazendo com que eu preste muita atenção onde piso.

— Amor?

Kyle entra logo depois, olhando para todos os lados. Aposto que ele sente a energia pesada do lugar. Meu pai foi morto aqui.

— Bem aqui.

— O que? — Kyle olha pro chão abaixo de mim, confuso. — Bem aqui o quê?

Respiro fundo, me mantenho estável.

— Meu pai foi morto por eles bem aqui.  — conto.

Ouço um suspiro de Kyle, como se ele estivesse sem reação.
Caminho até o exato lugar onde ficava a nossa minúscula cozinha. Me lembro de todas as vezes que minha mãe fez macarrão com almôndegas para mim aqui. Era a minha comida favorita. Oren Bevan costumava ser uma ótima mãe.

E então me lembro do meu sonho.

— Ah, merda. — murmuro.

— O que foi? — Kyle se aproxima.

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