Cap 26

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Presença inesperada.

Acordo com uma sensação estranha.

"Nós dois vamos dominar o mundo juntos, Minha Ladrazinha." - me lembro das palavras de Kyle ontem. Balanço a cabeça, afastando esse pensamento de mim. Droga, esqueça isso, Beatrice.

Depois de expulsar Kyle do meu quarto ontem, encontrei Blake e nós dois caímos no sono, e eu só acordei agora. Porra, que horas são?
Como Blake não é da gangue e muito menos é o favorito de Kyle, eu pedi para que ele dormisse no mesmo quarto que eu quando o trouxe para cá. Além de ser mais seguro, eu gosto de ter Blake ao meu lado. Assim eu posso protegê-lo durante a noite. Todos da gangue o olham com cara feia, tirando Maidy e Trevor. Não posso arriscar.

Olho para o relógio na cômoda ao meu lado e vejo que já são mais de duas horas da manhã. Casete.
Me levanto da cama, preparada para sair do quarto para comer alguma coisa. Meu Deus, estou morrendo de fome.

- A onde pensa que vai?

Olho para trás e vejo Kyle encostado na parede, fumando um cigarro, em meio a escuridão do meu quarto. Jesus, o que caralhos ele faz aqui?

- Você invadiu o meu quarto? - sussurro-grito, com medo de acordar Blake, enquanto ando lentamente até a cômoda ao lado da minha cama. Preciso da minha faca.

Ele sopra a fumaça do cigarro e passa por mim, abrindo a porta em silêncio e me lançando um olhar misterioso e cheio de malícia.
Me viro para ele e fico de costas para a cômoda, a abrindo silenciosamente e puxando minha faca de dentro dela sem que ele veja.

- Eu estou com fome. - sussurro, percebendo que ele quer que eu o siga para algum lugar.

Mesmo Blake tendo um sono super pesado, não posso deixar que ele acorde.

- Depois você come. - ele diz, com um tom de autoridade.

O que ele acha que está fazendo? Isso não é a porra de um jogo infinito. Eu estou com fome e sem vontade nenhuma de entrar em seus jogos agora. Supera, Kyle. Eu te odeio.
Como diabos ele entrou no meu quarto, para começo de conversa? Eu sempre tranco a porta, cara.
E aí me dou conta de uma coisa: O idiota com certeza tem uma chave.

Resmungando, acabo decidindo o seguir do mesmo jeito. Minha curiosidade sempre falou mais alto. O que ele quer comigo as duas da manhã?
Espero que não seje para transar, porque eu não vou fazer isso de novo. Não vou mesmo.
Calço minha bota, para esconder a faca dentro dela e visto meu moletom para me cobrir, afinal eu só estava com um short curto e uma camiseta que peguei do armário.

Saímos do quarto e o caminho todo pelo esconderijo é de um silêncio tremendo. Eu o sigo até sei lá a onde, hesitando o tempo todo. Ele não vai me esquartejar logo depois de dizer que iríamos dominar o mundo juntos não, né?

Que poético isso seria.

As mil e uma chances que ele teve para me matar e acabar comigo foram por água abaixo. Ele pode querer me matar agora mesmo. Agora eu me encontro seguindo um Eletric, chefe de gangue e assassino para fora do esconderijo, onde provavelmente ninguém irá me ouvir gritar. Ótima chance para matar alguém.
Bom, se ele não usar essa chance, eu uso.
Mesmo ele transando bem pra caralho, eu não pensaria duas vezes em matá-lo no meio da mata. Apenas uma ideia.

Quando chegamos na parte de fora do esconderijo, ele para de andar.

- Fique parada.

- O que você vai fazer?

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