Cap 24

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Desde aquela noite.

Paro em frente a uma janela enorme que tem visão para um grande salão, que fica lá embaixo.
Eu poderia ter perguntado aos dois sobre Lyndice, mas isso definitivamente seria um erro. Se ela realmente estiver presa em algum lugar daqui, eles me prenderiam junto dela.

Resolvo continuar meu caminho, seguindo o corredor e evitando ao máximo os Guardas. Não posso ser pega agora.
Depois de andar um pouco mais pelo Palácio, avisto uma criada por ali, com uma bandeja na mão. Acho que sei o que posso fazer.

Arranco a minha máscara e a escondo por baixo do moletom, deixando o meu rosto a mostra.

- Olá. Com Licença. - chamo a atenção da criada, indo em sua direção calmamente. - Eu sou nova por aqui. Onde eu posso arranjar um uniforme como o seu?

Ela hesita bastante, analisando o que deve fazer.
Vamos, não sou uma ameaça a você. - penso.
Por sorte, ela assente. Ufa.
Eu a sigo e passamos por um corredor, descendo algumas escadas em aspiral e logo depois entrando em um quartinho totalmente escuro e pequeno, com a única luz sendo a vela que ela segura. Da onde surgiu essa vela?
Finalmente enxergando melhor o quartinho, observo inúmeros uniformes velhos e jogados pelo lugar.

- Se quer sobreviver aqui, aconselho ficar de boca fechada.

E ela deixa a vela no chão para depois subir as escadas e me deixar totalmente sozinha aqui. O que ela quis dizer com ficar com a boca fechada? Pego um uniforme de criada e o visto. O melhor jeito de me manter "invisível" é me camuflar no meio das criadas. Tem tantas por aqui, que é quase impossível alguém descobrir que não sou uma delas.
Além do mais, os dois Príncipes nem viram o meu rosto ou o meu cabelo. Eles não me reconheceriam.
Faço um coque simples e fecho o último botão da blusa.
Pego a vela no chão e o meu moletom junto da máscara e subo as escadas, pronta para continuar.

Quando eles perceberem que sou uma intrusa, já estarei bem longe daqui.

[...]

Sinto uma dor forte em minhas costas, por conta do peso que uma criada que não sei o nome me fez carregar.
Porra, eu tenho cara de criada agora?
E aí eu me lembro.
Você está disfarçada de criada, sua idiota.

- Argh! - resmungo.

Depois de por as caixas no final do corredor, como a criada instruiu que eu fizesse, volto a caminhar em direção ao enorme salão para espionar. Mesmo tendo uma grande chances dos dois Príncipes estarem lá, não consigo evitar a vontade de observar como é lá dentro.
Quando ponho a mão na porta dupla, para abrir uma brecha, vejo uma criada vindo em minha direção com uma bandeja de taças de vinho.

- O que você vai fazer com isso? - eu a paro e pergunto.

A criada aponta com a cabeça para o grande salão.

- Deixa que eu sirvo. - digo, pegando a bandeja da sua mão. - Obrigada.

E antes que eu possa falar mais alguma coisa, a mulher sai disparada dali em direção ao final do corredor.
Então .

Empurro a porta com os pés e entro no salão, segurando a bandeja com as duas mãos. Passo por algumas pessoas de cabeça baixa, apenas servindo os vinhos. Mesmo que ninguém aqui me conheça, preciso evitar que vejam meu rosto.
Paro em um canto, analisando todo o salão em minha frente, cheio de pessoas ricas e medíocres que não sabem o que é passar fome ou frio. Merdinhas.
Admito, servir vinho para conseguir entrar aqui dentro foi uma ideia incrível, eu sei.

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