Cap 17

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Xeque-mate final

Kyle me leva até a parte de trás do esconderijo, onde vejo uma parede grossa enorme no meio do lugar. Mas não avisto cadáver nenhum.

— Admiro não ter um cadáver. — Observo cada canto de onde estou. Nunca se sabe né. — Para que serve esse lugar?

— Para treinar mira e outras coisas. — ele responde, com um sorrisinho no rosto.

Por incrível que pareça, estamos sozinhos aqui. E não gosto nem um pouco disso.

— É aqui que você me mata e acaba comigo de uma vez?

Kyle vai até um canto e pega uma arma – uma glock, sendo específica – que estava emcima de uma mesinha de madeira velha.

Meu Deus. Ele realmente vai me matar?

— Está com medo, Bea? — ele pergunta, enquanto limpa a arma com delicadeza. Ele com certeza viu a minha cara de surpresa.

— Para você é apenas Beatrice. — cruzo os braços. — E por que eu estaria com medo de você? Sou mais forte, não é mesmo?

Ele engatilha a arma.

— Pega essa. — ele me entrega a arma. — Sabe como se usa?

Instintivamente, aponto-a para ele.

— Eu já usei uma arma, Kyle.

E por algum motivo, algo me diz que ele já sabe disso.

— Seria uma tremenda burrice se você fizesse isso. — ele comenta, bem tranquilo com a ideia de uma arma apontada diretamente para o seu peito.

Rapidamente, aponto a arma na direção da parede grande e atiro.

Quando faço isso, um sentimento forte de alívio me consome. Atirar em coisas de vez em quando é bom para extravasar.
Ouço atrás de mim um suspiro vindo de Kyle. Ele também se sentiu aliviado.

Eu realmente não sei porque eu não tento o matar nesse exato momento. Estamos na parte de fora do esconderijo, sozinhos. Eu poderia matá-lo e fugir logo depois.

Permaneço com a arma apontada diretamente para o seu coração.

— Você vai tentar me matar? — Ele ergue o canto da boca, como se estivesse achando isso engraçado.

— Tentar? — Dessa vez quem ri sou eu. — Eu não tento, querido. Eu consigo. — sorrio. — Eu posso te matar agora mesmo se eu quiser.

— Ah, é? — Ele me provoca, se aproximando. — Então, me mate, Beatrice.

E se eu realmente fizer isso? O que aconteceria? Eu conseguiria sair impune? Os Sanguinários me achariam? O meu destino seria o mesmo que o da minha família?
Eu adoraria descobrir.
Mas não agora.
Então abaixo a arma.

— Que tal algo mais divertido, Ladrazinha? — ele sugere do nada, com um sorriso malicioso.

— Tipo o quê?

— Fica encostada na parede e põe aquela lata emcima da sua cabeça. — ele fala, apontando com o queixo para uma lata do chão.

E eu solto uma risada sincera.

— Nem morta! Por que não vai você?

— Eu vou, sem problemas. — E ele, calmamente, pega a lata e vai até a parede. Ele fica de costas, encostando nela. Logo depois, põe a lata emcima da cabeça.

Ele realmente quer que eu faça isso?
Se eu fizer com ele, ele provavelmente fará comigo.
Mas o que eu tenho a perder?

Ajeito meu dedo no gatilho. E se eu mirasse em outro lugar?

O Sangue do Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora