O Sangue do Silêncio

Cap 9

Os Sanguinários

Porra. Isso não pode ser possível.
Essa foi a pior decisão que tomei na minha vida! Não, Beatrice. Para de fogo. Você não pode demonstrar medo algum. Sua tola.

Na minha frente, há inúmeras pessoas, muito esquisitas pro meu gosto, me encarando. Não. Não são apenas pessoas, Bea.

São membros de gangue.

— Kyle... Você faz parte de uma gangue?! — Ignoro as pessoas ao nosso redor e quase grito na sua cara. — Que porra é essa?!

— Se eu te contasse, você viria?

— É claro que não! Você faz parte da maior gangue de motoqueiros do país, caralho! — Discuto com ele.

Mano, como diabos eu não percebi?
Eletric que sabe lutar, só usa roupas escuras e tem uma moto? Tava muito na cara!

— Uhum. — Ele dá de ombros como se isso não fosse nada.

Respiro fundo quando ele desvia o olhar de mim.

Os Sanguinários, conhecidos como os gangsters mais temidos do país. Sua fama é tenebrosa e seus atos sangrentos – como o nome da gangue já diz – faz qualquer um arregalar os olhos.
Eu nunca tinha visto eles tão de perto assim. E agora, cá estou eu, prestes a morar com eles.

Ah, meu Deus.

Pisco duas vezes e olho para as pessoas, percebendo os seus olhares presos em mim, me observando, preparados. Eles pensam que sou uma ameaça.

— Escuta... — Kyle chega perto do meu ouvido, com as mãos atrás das costas. — Eu sei que seu nome não é Lina. E isso te torna tão mentirosa e perigosa quanto eu. Então, eu acho melhor você me contar seu nome verdadeiro se quiser sobreviver aqui. — Ele se afasta e sorri. — E aí eu te conto algo sobre mim.

— E se eu não falar? Você vai me matar? — Provoco. Quando os olhos dos outros pairam em mim, mais afiados que antes, logo me arrependo.

Ele solta uma risada curta entre os dentes e começa a andar.

— Aliás, eu não sou apenas parte da gangue, Bea. — Ele para e, sem se virar, fala pelos ombros: — Eu sou o líder.

Estremeço. Ele é o líder...? Puta merda.
A onde eu fui me meter?

— O seu nome é Bea, não é? Na luta, ouvi seu amigo te chamar assim. — Ele se vira só um pouco para me olhar. — Ou esse é o seu apelido?

Coloco a língua na bochecha, segurando a vontade de mandar Kyle ir pra merda. Não posso falar nenhuma idiotice agora, principalmente com esse tanto de gente me olhando. Eles estão me vigiando.

Mano... eu vou matar Dorian!

— Mais tarde você me conta. — O modo como ele parece estar relaxado me irrita pra casete. Ele continua andando, só que devagar. — Você não vem?

Olho ao meu redor. Estou sozinha aqui.
Sozinha com inúmeros Eletrics membros de gangue que podem me matar a qualquermomento. Merda.

Espera. Será que existem Escolhidos por aqui?
Eles estão quase extintos, mas é possível.

— Acho que não tenho escolha, né? — Sussurro comigo mesma, rangendo os dentes.

E eu o sigo.

[...]

Kyle me leva até um lugar onde ele me dá o mesmo frasco que ele tomou na luta quando estava machucado.

— Para os seus machucados. — Ele diz.