Cumprindo a promessa
— Posso ajudar? — ela pergunta, a expressão totalmente diferente da mulher que eu conhecia.
Ela realmente não está me reconhecendo? Ou será que ela está fingindo não me conhecer?
— Posso ajudar? — repito. O desgosto em minha voz soa tão ávido que quase me arrependo. Quase. — Isso é sério?
Ela faz uma cara de confusão e põe as mãos emcima do vestido, o mantendo no lugar. Que merda é essa?
Sua aparência com certeza mudou. Sua pele está bem cuidada e seus lábios mais rosados, enquanto seu cabelo, agora mais claro, brilha em gel. Seus brincos enormes e seu colar de pedras cintilam em meus olhos. Sua postura é sempre ereta e seu olhar brilha, como se ela estivesse totalmente feliz. Sem mim.— Mãe?
Olho em direção às suas costas e vejo Lyndice vindo em nossa direção, seu vestido azul claro chamando minha atenção na mesma hora. Lyndi para de andar quando me vê, seus olhos chocados por ver sua irmã fora da cela e bem na frente da mãe que fazia anos que não via.
— Você a conhece, filha? — Oren Bevan pergunta a Lyndi quando percebe seu olhar vidrado em mim.
— Você não? — Lyndi desvia o olhar para a mãe, ainda em choque.
Isso. A mãe. Por que ela não é mais a minha mãe também.
Ela mal se lembra de mim.— Por que eu a conheceria? — Oren pergunta, confusa.
Qualquer mãe reconheceria a própria filha, não?
Mas por algum motivo, Oren parece não lembrar nem um pouco de mim.Tento manter a postura e não vacilar diante dela. Eu não posso querer chorar aqui. Não posso.
Eu não mudei tanto assim, mudei? Não é possível que ela realmente não está me reconhecendo.— Eu preciso ir. Meu tempo é limitado. — aviso, com ar de deboche, me afastando e andando na direção de Lyndi. — Se cuida viu. — falo com minha irmã ao passar por ela.
— Espera!
Paro de andar, ouvindo a voz de Oren, com certeza falando comigo. Espera? Eu literalmente estou fugindo de todo mundo daqui. Você acha que posso esperar?
Resviro os olhos, mas uma mão me segura pelo braço, me puxando e me virando em sua direção.— Quem é você?
Quem sou eu? Porra. Como responder a uma pergunta dessa vindo direto de sua mãe?
Eu sou Beatrice? Eu sou Bea? Eu sou a sua filha? Eu estou viva? Não. Nenhuma dessas respostas ela merece ouvir.— Eu sou irmã de Lyndi, isso eu sei. — falo com aspereza, me soltando de Oren na mesma hora.
Ela aperta os olhos, me encarando como se tivesse tentando entender. E então, o choque em seu olhar finalmente aparece, me fazendo engolir em seco. Ela se afasta de mim, como se estivesse com medo.
— Você morreu.
— Bom, eu também achava que você tinha morrido. — olho para ela de cima a baixo, a julgando. — Parece que não.
— Não pode ser... — ela continua se afastando.
— Que se dane. — dou de ombros, me preparando para sair dali.
Na mesma hora, duas mãos me seguram pelo braço com força, me impedindo de andar. Os Guardas me arrastam para trás, me forçando como se eu fosse um animal selvagem que fugiu da cela. Tecnicamente, eu sou.
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O Sangue do Silêncio
FantasyEssa é a história de uma garota que, ao completar 11 anos, é obrigada a deixar sua casa e sua família para trás, após um ataque surpresa de Eletrics, causando a morte de seu pai bem na sua frente. Sua mãe, antes de ser levada por um deles, pede que...