Cap 6

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Eu posso te ajudar.

— Bom dia, flor do dia!

Me remexo na cama e enfio a cabeça no travesseiro. Não estou afim de acordar agora. Estou morrendo de sono.

Alguns segundos depois sinto um leve choque em meu braço e levanto da cama com tudo, socando o braço de alguém.

— Aii, Bea!

Percebo que era Blake quem estava lá. Eu jurei que era Kyle.

— Porra, Blake! Não me assusta assim! — Brigo com ele. — E que choque foi esse?

— É o meu transferidor de choque, Bea. — Ele se senta na cama. — Relaxa, tá bom? É só o meu transferidor. Você sabe que ando com ele sempre. Como proteção.

Minha respiração agitada custa voltar ao normal. O que houve comigo?

— Você me socou. — Ele se lembra. — Você se levantou extremamente assustada, Bea. E você não é assim. O que aconteceu?

A lembrança da eletricidade de Kyle me vem a mente e meu corpo todo a sente, mesmo que ele não esteje aqui.

— Bea?

Me dou conta de que eu estava olhando fixamente para a lixeira do canto da casa. Balanço a cabeça para voltar a realidade.

— Foi mal, Blake. Eu só... — Olho para minhas próprias mãos e braços. — Eu só me assustei. Pensei que fosse um Eletric.

— Um Eletric? Por que raios um Eletric estaria na sua casa? Nessa vila?

— Por que é possível, Blake! — Explodo. — Essa vila é ignorada por eles, mas mesmo assim eles podem vim. Eles podem invadir essa casa com toda facilidade do mundo, Blake!

Sinto seu olhar preocupado caindo sobre mim.

— Você está me escondendo alguma coisa, Bea?

Eu entendo a suspeita dele. Eu nunca demonstrei ter medo dos Eletrics ‐ mesmo eu, com certeza, sentindo medo deles. Eu só falava do quanto eu os odiava e queria vingança. E eu ainda os odeio com todas as minhas forças.
Levanto a cabeça e olho para Blake.

— Não. — A mentira sai com facilidade. Sou boa com isso.

Ele não parece satisfeito com a minha resposta.

— Mesmo? — Ele se levanta e anda em direção a minha mesa. — E de quem é esse casaco, Bea?

Me dou conta de que o casaco de Kyle ainda está comigo. Eu estava tão cansada ontem que nem escondi o casaco para Blake não ver e ficar fazendo perguntas. Droga.

— É meu. — Digo, me levantando e puxando o casaco da mão dele.

— Seu? Ah, por favor, Bea. Eu conheço todos os seus casacos.

— Eu roubei ele, tá legal? — Minto de novo.

Ele ergue uma das sobrancelhas, ainda desconfiado.
Eu entendo essa preocupação dele. Eu nunca fui de agir desse jeito, como se estivesse com medo de algo. Mas as vezes Blake pode ser muito intrometido e isso me obriga a mentir para ele em situações como esta.

Um suspiro longo vindo dele me faz relaxar os ombros. Ufa.

— Que seja, Bea. — Ele se esquiva de mim. — Fiz o café da manhã.

[...]

Resolva isso, Beatrice.

Respiro fundo.

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