Cap 23

4 0 0
                                    

Esbarrando em gente.

Depois de rodar o esconderijo inteiro, decido ir até o meu quarto para descansar um pouco. Eu acho que fumei demais.
Quando chego perto da porta da sala de treinamento, ouço um barulho de coisas se quebrando. O que está acontecendo?
Bem devagar, abro a porta e espio pela brecha.

- Porra!

Kyle.
Por que ele está tão nervoso?

- Está na cara que ela te odeia, Kylie! - ele derruba um vaso de planta com o seu poder - Então por que diabos você se importa tanto?!

Ele derruba uma mesa com tudo.

- Puta merda! - ele derruba mais e mais coisas.

Dou um pulo quando algo se choca contra a porta, a fechando. Meu Deus.

Espera. Isso é por minha causa? Eu o irritei tanto assim?
Que se foda. Não tenho nada haver com isso.
Começo a sair dali, mas acabo desistindo. Eu vou entrar lá.

Abro a porta com tudo, entrando na sala.
Ele se surpreende comigo, virando de costas, como se estivesse escondendo algo de mim. Olho para trás e vejo que ele tinha jogado uma mesa contra a porta.

- Se você quer descontar sua raiva em algo, desconte em mim. - chamo sua atenção.

Ele se vira, suas mãos brilhando em faíscas.

- Sai daqui, Beatrice.

- Desconte em mim. - insisto.

E então, chamo meu poder e uso apenas uma parte nele, o incentivando.

- Vamos, Kyle! Me ataca!

Eu não devia pedir isso. O meu pai morreu por conta de um Eletric. Mas eu não pude resistir.

E então, ele lança suas faíscas em direção às minhas pernas, me fazendo perder o equilíbrio e cair no chão. Olho para minha calça e a vejo rasgada. Dou um sorriso. Você vai ter que me dar outra calça, Kyle.

- Continue. - sou firme, me levantando.

E ele lança faíscas em meu braço, me fazendo arfar de dor. Puta merda.
Ele continua.

- Não para. - exijo, mesmo meu corpo ardendo por inteiro.

Meu Deus.

Sua eletricidade cessa, saindo de mim aos poucos enquanto ainda sinto a ardência reverberando pelo o meu corpo.
Observo sua respiração acelerada e seu peito subindo e descendo. Ele realmente estava nervoso.

- Você e aquele seu amiguinho, não é? - ele insinua algo, fazendo uma careta de dor. Eu ainda estava usando o meu poder nele?

Fico quieta e arqueio uma sobrancelha, tentando saber de que porra ele está falando.
Quando ele me olha nos olhos, logo entendo. Ah, meu Deus.

Ele está falando de hoje mais cedo.

- E Maidy também. - acrescento.

Ele fica confuso.
Fico ali, parada, esperando o cérebro de merda dele funcionar e ele entender.

- Espera... vocês três?! - é impossível não perceber o choque em sua voz.

- Uhum - dou de ombros - Mas não fiquei por muito tempo. Eles queriam isso muito mais do que eu.

Ele se vira e começa a se afastar, esfregando a mão na testa, nervoso.

O Sangue do Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora