Não se aproxime
Ele não podia estar aqui.
Nós não planejamos isso.
Merda.Sua coroa gigante e brilhante, com pedras enormes e extremamente caras, me chama a atenção, fazendo com que eu sinta um enjoo na barriga.
Posso sentir o corpo de Kyle querer vacilar, provavelmente sentindo o meu incômodo. Ele sabe que não estou nada feliz.
Sem que eu sequer me prepare para isso, vejo o mesmo Guarda Real segurando a mão de alguém dentro do veículo. Mãos femininas com as unhas pintadas logo me chamam a atenção.
Prendo a respiração quando o Guarda Real ajuda uma mulher de cabelos claros a ficar de pé no solo de terra, seu salto alto brilhante não combinando nada com o local.
Oren Bevan murmura uma reclamação, provavelmente se referindo ao lugar sujo que escolhemos para a nossa conversa. Ela solta a mão do Guarda e caminha em direção ao Rei, ficando ao seu lado e sorrindo quando o mesmo acena em concordância para ela. Logo me lembro do que Lyndi me contou sobre achar que eles tinham um caso bem debaixo do nariz da Rainha.
Quero xingar, gritar, me debater ou até mesmo socar a cara de um deles. Mas não faço isso. Permaneço em silêncio, com a respiração acelerada e raiva brilhando em meus olhos. Não acredito nisso.
Que merda ela faz aqui?!
- Bom, acho que agora podemos começar. - o Rei diz, como se tivesse autoridade sobre nós.
De certa forma, ele tem. Ele é o Rei do País. Mas não é o nosso Rei. Não ligamos nem um pouco para ele e o seu reinado. Frequentemente estamos jogando merda emcima do seu Trono e ele nem suspeita.
- Se eu me lembro bem... deixamos claro na mensagem que a única pessoa da Corte que queríamos aqui era o Príncipe. - o ódio na voz de Kyle é nítido. - Isso não é nenhuma reuniãozinha familiar.
- Perdoe-me. Não consegui resistir a tentação de conhecer todos vocês pessoalmente. - o Rei fala, fingindo animação. - Os gangsters mais sujos e idiotas do País.
- E essa senhora maquiada aí? - Gale entra na conversa, sem se deixar abalar pelo comentário escroto. - O que ela faz aqui?
- Senhora não, garotinha idiota. - e então, Oren corrige: - Madame. Voce deve me chamar de Madame.
- E se eu não quiser? - Gale provoca, e posso até imaginar o quanto ela está se divertindo com isso. - Você vai jogar o seu salto alto caro emcima de mim? - Gale sorri - Eu acho que não. Porque, assim, você teria que encostar o seu pezinho precioso no chão.
Posso ver o ódio transbordando no rosto de Oren diante desse comentário de Gale.
Eu não deveria me importar com ela, mas me importo. No fundo, eu ainda torço para que ela ainda seje a minha mãe. A mulher que cuidou de mim até os meus onze anos.
Mas já era. Ela está perdida- A Madame Oren tem um papel muito importante nessa conversa, eu posso garantir. - O Rei gesticula com as mãos. - Então, vamos começar? O que vocês têm a nos oferecer em troca da liberdade de Lina Tawen?
- Tão rápido assim? Não gostariam de tomar um chá antes? - Kyle sugere, provavelmente sorrindo.
- Eu gostaria de discutir algumas coisas com Lina, primeiro. - o tom de voz do Príncipe soa diferente dessa vez, como se ele estivesse se preparando para algo. - E eu ficaria bem mais confortável se ela saísse do seu esconderijo e viesse até mim! - ele fala um pouco mais alto, provavelmente para que eu o ouça.
Todos os Sanguinários ficam em silêncio. E eu também.
Impaciente com os nossos joguinhos, Victhor continua:- Certo. Como quiserem... - volto a espiar e vejo que Victhor faz sinal para um Guarda Real, pedindo algo. - Confesso que nossa visita tem um objetivo muito maior do que simplesmente discutir sobre a liberdade de Lina.
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O Sangue do Silêncio
FantasyEssa é a história de uma garota que, ao completar 11 anos, é obrigada a deixar sua casa e sua família para trás, após um ataque surpresa de Eletrics, causando a morte de seu pai bem na sua frente. Sua mãe, antes de ser levada por um deles, pede que...