Cap 3

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Roubo mal efetuado

Só faz um dia que Blake está preso e eu não paro de pensar no quanto ele deve estar entediado lá.
Eu preciso arranjar algum jeito de soltá-lo. E rápido.

Resolvo ir na casa dele. Tem grande chance de ter algo que posso me ajudar.

Blake mora sozinho. Uma decisão própria dele. Seu pai mora mais afastado da vila, próximo da floresta, mas não muito dentro dela.
E a mãe de Blake? Não sei. Ele nunca me falou nada sobre ela.

Quando vejo que sua porta está trancada, penso em arrombá-la, mas logo descarto essa opção. Seria um grande prejuízo para ele consertar essa porta assim que fosse solto. Irei poupá-lo disso.

Solto um grampo de cabelo do meu coque e tento abrir a fechadura. Consegui.

Entro em sua casa e vejo que, incrivelmente, tudo está bem limpo. Dá última vez sua casa estava só o pó.

Vasculho tudo em busca de algo útil. Olho nos armários, nas gavetas, nas mesas. Nada.
Resolvo olhar em seu quarto.
O quarto de Blake não mudou nada desde a última vez que vim aqui. Seu quarto é bem escuro pois, dizendo ele, é melhor para relaxar.

Decido olhar em sua primeira gaveta e acabo achando algo. O que é isso?

De primeira, eu não entendo o porquê de isso estar na gaveta dele. Mas depois, eu percebo que isso não é dele. Isso é um presente. Um presente para mim.

Agora tudo faz sentido.

A algumas semanas atrás, eu comentei com Blake que eu queria muito um colar de prata com um pingente de duas espadas cruzadas que eu vi na lojinha da esquina, mas eu não tinha dinheiro suficiente. Blake foi preso porque roubou uma carteira com uma quantia muito alta pois queria comprar o colar que eu tanto queria. Ele se arriscou só para me dar um presente. Blake foi preso por minha culpa.

Se não por qual outro motivo esse colar estaria aqui? Blake nem gosta de acessórios.

Preciso ajudá-lo o mais rápido possível.

Pego o colar e o coloco em meu pescoço.

— Prometo que vou fazer esse presente valer a pena, Blake.

Saio de sua casa e decido pedir ajuda a alguém que nunca imaginei pedir algo.

Atravesso a vila inteira até chegar na casa de Grehta. Ela é famosa por suas barganhas e negociações. Tenho certeza que ela tem contatos com influência aqui na vila que podem soltar Blake.

Sim, eu sei que seria muito mais fácil se eu apenas pagasse a fiança dele.
Mas com que dinheiro?
Eu precisaria roubar a vila inteira para isso.

Chego em sua residência e me deparo com dois guardas armados bem na frente de sua casa.
Não sabia que Grehta precisava de tanta segurança assim.

— Olá, eu gostaria de falar com Grehta Beny — anuncio, sem demonstrar medo algum.

A altura deles não me assusta nem um pouco. Também sou alta e estou acostumada com vários tipos de pessoas.

— E qual seria esse assunto? — um dos guardas pergunta. Não é da sua conta, seu intrometido.

— Um pedido de ajuda. — digo, levantando a cabeça. Preciso parecer convincente para eles.

Eles se olham, para decidir sobre o que fazer.

— Precisamos comunicar Grehta de qu-

— Estou com pressa. — não deixo o guarda terminar de falar. — Prometo ser rápida.

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