Cap 2

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Cobranças e distrações

As coisas sempre foram difíceis, mas eu nunca me deixei abalar e sempre seguia em frente.
Aprendi a lutar, caçar e até mesmo a matar. Mas eu nunca matei. Na verdade, nunca precisei.
As vezes as coisas são necessárias por bens maiores.
O meu maior objetivo é matar os Eletrics. Eles são os responsáveis pela minha vida ser o que é hoje em dia. Eu quero vingança.

Eu os odeio e os quero mortos.

Eu mesma personalizei minhas roupas para que sejam eficazes quando eu precisar levar armas e facas comigo. Porque sempre é necessário.

Pego minha arma e a escondo em minha roupa. Tenho cobranças a fazer.

O lugar que eu vou é mais afastado da vila, e tenho receio de não conseguir voltar de lá completa. É claro, parte disso é culpa minha, quem fez acordos com Waldert fui eu. Mas quem deve é ele. Ele me deve e eu vou cobra-lo.

Não posso deixar as pessoas me passarem a perna simplesmente porque sou uma órfã de dezessete anos, mesmo que ninguém saiba disso.
Ninguém sabe meu sobrenome verdadeiro, nem minha idade verdadeira, nem de onde eu vim ou quem eram os meus pais. Ninguém sabe de nada. Tirando Blake.
Blake sabe de quase tudo. Uma parte de mim confia nele, mesmo que essa ideia seje terrível para mim. Não costumo confiar em ninguém. Sempre sou eu por eu mesma. Mas Blake é uma pequena exceção. Confio um pouquinho nele.

Chego na residência de Waldert até que rápido. Torço para pega-lo desprevenido.

Bato na porta, enquanto preparo minha aparência para distraí-lo.
Se eu estiver mais atraente aos seus olhos, tenho certeza que ele vai demorar reagir e assim ganharei tempo. Um simples truque que aprendi com uma mulher.
Destaco meus peitos e deixo meu pescoço bem visível, jogo o cabelo de lado e abro meu casaco pela metade. Isso deve servir.

Depois de uns longos segundos, ele finalmente abre a porta.

— Beatrice — ele não parece nada surpreso em me ver.

— Eu poderia entrar? — peço, dócil.

— É claro.

Quando entro, analiso sua casa discretamente. Nada de armas e nem facas por perto.

Ele pode ter armas consigo mesmo. – penso.

— Qual é o motivo de sua linda surpresa, Senhorita? — ele parece curioso. Ou talvez esteja fingindo.

— Além de sentir sua falta? — sorrio, andando em sua direção.

— Sentiu minha falta? — ele se intriga.

— Claro que não. — falo, e sua expressão logo muda.

Começo a rodá-lo, esperando alguns segundos.

— Então, certamente não veio atoa. — ele deduz.

— Não, mesmo. — fico em sua frente.

Meu plano parece estar funcionando.

— Mas antes... eu preciso fazer uma coisa. — sussurro, aproximando minha boca da sua. — Mas não sei se devo.

— Deve, sim. — ele cai na rede.

Quando estou próxima o bastante para ele acreditar que vou beija-lo, saco minha arma do meu quadril e a aponto para sua cabeça.

— Haha, nunca subestimei você. — ele ri sozinho.

— Você tem dívidas comigo, Waldert. — sou direta.

— Eu sei — ele fica me encarando, e penso que vai rir da minha cara. Até que, hesitando, ele aponta com a cabeça para o seu quarto.

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