Cap 30

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Estratégias

Tento aguçar a audição, ouvindo tudo ao meu redor enquanto o Guarda me carrega para fora da cela. Com algemas.

- Você avisou ao Rei?

- Mandei avisarem. - o outro Guarda responde.

Fingir desmaio foi a tarefa mais fácil que tive que fazer. Com certeza a pior foi ter que esfaquear minha própria perna. E isso dói pra casete. Pra casete, mesmo.

- Qual é o estado do ferimento?

- Não sei dizer. Esta sangrando demais. - o Guarda que está me carregando fala. - E se for hemorragia interna no fêmur da coxa dela?

Eu não seria burra desse jeito para esfaquear meu fêmur da coxa, né. Idiotas.
E eles são bem tolos, porque eu nem esfaqueei tão fundo assim. Só o suficiente para derramar sangue.

- Você é burro ou o quê? Se a perna dela está sangrando 
é óbvio que não é hemorragia interna. - ao ouvir isso do outro Guarda, quase solto uma risada, mas me contenho.

- Eu sei lá. Vai que é os dois?

- Ela não pode morrer agora. 

- Eu tenho pena dela. Ela parece tão triste e indefesa. - sinto seu olhar pairar em mim. - Por que será que a acham uma ameaça?

Isso, sinta pena de mim. Vai ser útil.
Temnto sentir a presença de câmeras pelo caminho, mas continuo sem sentir nada.

- Por conta daquele poder do silêncio lá. Parece que ele é extremamente perigoso.

- Aquele raro? - o Guarda que me carrega, que vou apelidar de One, exclama. - Não é possível. Ela não parece ser tão perigosa assim.

- As aparências enganam. - o outro Guarda, que vou chamar de Two, fala.

- E se ela matar todo mundo? Quando acordar? - One parece tremer enquanto me carrega.

- Eles deram tipo um veneno para ela, eu acho. Um líquido estranho para conter seu poder. - Two diz, parecendo mais tranquilo que One.

Então eles me "envenenaram"? Por isso não consigo usar meu poder? Droga.

Ouço Two empurrar a porta de algum lugar e logo em seguida One entra comigo nos braços.

- O que houve com ela? - uma mulher pergunta. Pelo tom de sua voz, ela parece ter em torno de trinta e poucos anos.

- Não sabemos. - e então One me põe deitada em algum tipo de cama ou sei lá. - Ela desmaiou. E sua perna está sangrando.

A mulher, que vou tentar descobrir o nome, examina meu rosto, tocando-o.

- Ela está pálida.

Seguro a vontade de abrir os olhos e sair correndo daqui. Ainda consigo escutar as respirações de One e Two ao meu redor. E mesmo que eu saia correndo, não tenho nenhuma arma para me defender.

Não posso mais contar com o meu poder.

- Preciso que vocês se retirem. - a mulher fala.

Isso. Vão embora daqui.

- Temos que permanecer aqui. - One responde. - Ordens do Rei.

Ouço um resmungo da mulher.
Por que raios vocês não dão o fora daqui logo?
Quase resmungo também, mas me contenho. Você está desmaiada, esqueceu?

- Onde ela está? - uma outra voz pergunta.

- Ela está ali, Vossa Alteza. - Two responde. - Falamos com o Rei.

O Sangue do Silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora